Título: Governador troca candidato a vice na chapa à reeleição
Autor: Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/08/2006, Nacional, p. A13

O governador de Rondônia, Ivo Cassol (PPS), que lidera a corrida à reeleição, confirmou que vai substituir o candidato a vice de sua chapa, Carlos Magno Ramos, preso sob a acusação de integrar a quadrilha acusada de se apoderar do poder público no Estado e desviar R$ 70 milhões.

Três nomes estão sendo cogitados para a substituição: a vice-prefeita de Porto Velho, Cláudia Carvalho, o comerciante Mário Português e a ex-deputada Rita Furtado. "Lamento, mas cada um responde pelo seu CPF e tem que pagar por seus atos. Se ele (Ramos) errou, iremos substituí-lo", disse Cassol.

Em entrevista coletiva, Cassol afirmou que seu governo se tornou refém das chantagens de uma organização criminosa instalada na Assembléia Legislativa, o que o impedia de administrar o orçamento. Segundo ele, para gastar, era preciso pagar propina ao grupo, comandado pelo presidente da Casa, Carlão de Oliveira (PSL), preso sexta-feira na Operação Dominó. "Muitas vezes fui obrigado a repassar para a Assembléia dinheiro que faltava na saúde, sabendo que seria roubado, pois havia um conluio com o Judiciário e o Ministério Público e eu corria o risco de impeachment se não cedesse."

ONÇA

Cassol disse não temer ser alcançado pelas investigações da PF. "Se houvesse algo contra mim já estaria na mesma vala da corrupção." Ele frisou que não há ladrão só em Rondônia. "Tem também em Brasília e em todos os Estados. No Congresso, a situação é muito pior, com todos aqueles sanguessugas. A diferença é que aqui as investigações avançaram e os bandidos estão sendo presos."

Ele comparou seu governo a "uma mula amarrada no toco" e negou ter sido omisso. "Fiz o que pude: pedi intervenção federal, acionei o Ministério da Justiça e a PF e denunciei os deputados que me chantageavam, portanto não fui conivente com a bandalheira." Cassol se disse alvo de freqüentes ameaças. Anda com segurança permanente e sua família teve de alterar a rotina.

O governador contou que o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, com quem conversou ontem por telefone, lhe garantiu que a intervenção federal estava fora de cogitação por enquanto, pois as instituições ainda estão funcionando no Estado. Para Cassol, a medida agora é desnecessária, já que a quadrilha foi desarticulada: "Depois que a onça morre, é fácil fazer a foto."