Título: Luizianne é campeã dos prefeitos gastadores
Autor: Sérgio Gobetti
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/07/2006, Nacional, p. A4

Ao contrário de muitos prefeitos em início de mandato, alguns administradores do PT aumentaram em até 16% as despesas em 2005, segundo levantamento realizado pelo Estado nos relatórios de execução orçamentária das 12 maiores cidades do País. A campeã do gasto é Luizianne Lins, de Fortaleza, que conseguiu registrar o único déficit primário (receitas menos despesas, exceto juros) entre os municípios analisados.

Estreante no cargo, a petista cortou os investimentos pela metade no primeiro ano de mandato, mas elevou as despesas de pessoal em cerca de 38%, o que afetou as contas fiscais da prefeitura. A dívida municipal, entretanto, é bastante baixa, o que permite à prefeita se dar ao luxo de apresentar um déficit.

O secretário de Finanças de Fortaleza, Alexandre Sobreira Cialdini, atribui os resultados fiscais às pendências herdadas do prefeito anterior, Juraci Magalhães (PL), num total de R$ 280 milhões. "Cerca de 70% dessa dívida, que incluía até a folha de dezembro dos funcionários, foram quitados", afirma.

O petista Fernando Pimentel, em segundo mandato em Belo Horizonte, também expandiu suas despesas em 13% no ano passado, apesar de ter reduzido um pouco os investimentos. O secretário municipal de Planejamento, Júlio Pires, argumenta que o aumento da arrecadação, por si só, gera aumento de gasto público. "Certamente todas (as prefeituras) aumentaram alguma coisa", sugere.

Os dados mostram que a maioria das prefeituras registrou aumentos abaixo ou próximo da inflação de 2005, de 5,6%. A média das 12 maiores cidades foi de 5%. Na capital paulista, por exemplo, o gasto cresceu só 2%, enquanto na vizinha Guarulhos, administrada pelo petista Elói Pietá, avançou 10%.

Entre as prefeituras não petistas, Goiânia, governada por Íris Rezende (PMDB), e Manaus, por Serafim Corrêa (PSB), são as que mais aumentaram gastos - 14% e 13%, respectivamente. Já as administrações que eram do PT e passaram a outros partidos enfrentaram enxugamento de despesas no primeiro ano de mandato.

Esse é o caso não só de São Paulo, como de Belém, onde o prefeito Dulciomar Costa (PTB) recebeu a prefeitura de Edmilson Rodrigues (PT) com um déficit primário de R$ 22,4 milhões em 2004 e conseguiu reverter para um superávit de R$ 58,3 milhões em 2005. Em Porto Alegre, o petista João Verle registrou déficit de R$ 80,7 milhões em 2004 e seu sucessor, José Fogaça (PPS), apertou o cinto no ano passado até obter R$ 87,5 milhões de saldo positivo.