Título: Cristovam compara a desigualdade à guerra civil
Autor: Maria do Carmo Bauer
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/07/2006, Nacional, p. A7

Na primeira visita a Santa Catarina como candidato à Presidência da República, pelo PDT, Cristovam Buarque não poupou críticas à violência. "Vivemos duas grandes guerras civis: a de São Paulo e a da desigualdade social." De passagem por Florianópolis, ontem, o senador voltou a apontar a federalização da educação - uma de suas grandes cruzadas pessoais - como solução para o que chamou de "gritos do Brasil".

Cristovam diz que é impossível não relacionar a violência em São Paulo - que vem sofrendo ataques da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) - com a crise de governo. "Calar-se diante da situação é fazer um pacto, sim, mas com os bandidos", afirmou ele. Entretanto, não quis comentar as afirmações do candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, e do presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen, de que o PT teria ligações com o PCC.

"Não tenho nenhuma informação que me permita fazer avaliações. O Brasil precisa se convencer de que esbarrou em muitas barreiras. São muitos os gritos do País: são gritos nas ruas de São Paulo, são gritos dos 30 milhões que não vão concluir o ensino médio, dos 15 milhões de analfabetos, dos sem-terra, dos desempregados, dos produtores agrícolas e muitos outros."

O candidato do PDT tem defendido ações de curto prazo contra a violência urbana e investimento em educação como melhor solução a longo prazo. "É necessária a construção de presídios e a criação de uma agência nacional de segurança pública", disse anteontem, em São Paulo. "Reduziremos consideravelmente os crimes se dermos iguais condições de ensino às crianças de hoje."

Cristovam desembarcou em Navegantes às 9 horas, seguindo para o Clube Atiradores, em Itajaí. Cerca de 300 pessoas participaram do comício, até 12h30, e depois fizeram uma carreata pela cidade. Acompanhado do candidato do PDT ao governo de Santa Catarina, Manoel Dias, lançou oficialmente as primeiras candidaturas do partido no Estado: Clayton Batschauer (deputado federal) e Maurílio Moraes (deputado estadual).

De Itajaí, o candidato seguiu para Florianópolis acompanhado pelo candidato pedetista ao Senado, Pedro Flori Ramos, e pelo presidente do partido em Itajaí, Marcelo Sodré.

Neste início de campanha, o candidato se apresenta aos eleitores quando visita pela primeira vez um local. Em São Paulo, sexta-feira, ao chegar a uma cooperativa, aproximou-se dos trabalhadores dizendo: "Olá, sou Cristovam, candidato à Presidência da República, prazer."