Título: Putin e Bush acertam plano contra terror nuclear
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/07/2006, Internacional, p. A19

Os presidentes George W. Bush, dos EUA, e Vladimir Putin, da Rússia, anunciaram ontem um novo programa global para rastrear possíveis terroristas nucleares, detectar e confiscar material para fabricação de bombas atômicas e coordenar suas respostas se os terroristas obtiverem uma arma desse tipo. Em entrevista coletiva, Bush disse que ele e Putin têm posições comuns quanto aos programas nucleares do Irã e da Coréia do Norte. Mas o líder russo não respondeu a uma pergunta direta sobre a possibilidade de impor sanções ao Irã - um dos pontos de discordância entre Rússia e EUA.

Quanto ao plano contra o terrorismo nuclear, os EUA e a Rússia esperam que, em alguns meses, a China, o Japão e as maiores potências européias, além de Casaquistão e Austrália, formem o grupo inicial de nações da chamada Iniciativa Global para Combater o Terrorismo Nuclear.

A organização informal de países é baseada na Iniciativa de Segurança contra Proliferação Nuclear, liderada pelos EUA, que reúne mais de 70 países que se comprometeram a cooperar para confiscar armas ilícitas enquanto são transportadas pelo mar ou pelo ar. Mas a iniciativa contra o terror nuclear vai além da interdição. O grupo operará dentro das fronteiras dos países que tenham armas e materiais nucleares, estabelecendo padrões para proteção e detecção e desenvolvendo estratégias em comum visando grupos terroristas.

Uma declaração dos governos russo e americano enfatiza que ambos consideram que os terroristas são hoje a maior ameaça nuclear, em vez de um país ao outro. A declaração descreve como eles planejam coordenar suas equipes de resposta nuclear para "reduzir as conseqüências de atos de terrorismo nuclear" e cooperar no desenvolvimento de meios técnicos para combater o problema.

Mesmo alguns críticos das políticas nucleares de Bush e do ritmo no qual a Rússia tem agido para proteger suas instalações atômicas acolheram bem o novo plano. "Há anos que precisamos de algo assim", disse Matthew Bunn, especialista de Harvard em armas nucleares.