Título: Lula quer turbinar investimento
Autor: Fabio Graner - Adriana Fernandes
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/07/2006, Economia, p. B6

Está em estudo no governo mais uma ¿bondade¿ destinada a estimular o investimento privado. Agora, a idéia é desonerar de tributos federais os gastos de empresas realizados na construção de fábricas e obras de infra-estrutura. Economistas do governo também analisam medidas para reverter a trajetória crescente de gastos públicos e liberar recursos para o governo investir mais.

A recomendação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, é dar prioridade total aos investimentos. Embora o ano eleitoral torne bastante remota a implementação das medidas ainda este ano, a equipe de Mantega não quer chegar ao fim de 2006 sem um plano estratégico para um eventual segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Uma boa recepção das propostas, quando forem finalizadas, pode dar maior cacife ao ministro para se manter no cargo.

¿Nosso objetivo é alcançar, em cerca de três anos, uma taxa de investimento na economia da ordem de 25% do Produto Interno Bruto (PIB)¿, afirmou uma fonte da área econômica. Atualmente, essa taxa está próxima de 21% do PIB e é considerada ainda insuficiente para dar sustentação a um crescimento da economia superior a 5% nos próximos anos.

O governo considera que, embora tenha avançado nos últimos anos, a desoneração dos investimentos do setor privado ainda não está completa. ¿Já houve a desoneração da compra de máquinas e equipamentos. Mas o empresário ainda paga uma série de impostos quando constrói uma fábrica, uma ponte, uma ferrovia¿, afirmou fonte da área econômica. É o que se pretende atacar agora.

A equipe econômica também avalia que é fundamental - para se elevar os gastos em ampliação da produção privada - alterar regras do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o que passa, inevitavelmente, pela reforma tributária. O desejo é desonerar também do tributo estadual investimentos de empresas.

Também mirando o setor privado, a equipe econômica estuda uma nova rodada de medidas de incentivo ao crédito imobiliário. Estas, no entanto, estão em um estágio ainda mais incipiente de estudo. ¿Nossa visão é de que se faz necessário dar mais estímulos à habitação, pois é um setor vital para ampliar o nível de atividade.¿

Já do lado do setor público, a proposta é estancar a trajetória de crescimento dos gastos correntes do governo. ¿Há uma preocupação com o ritmo de crescimento dessas despesas¿, afirmou a fonte. A intenção é preparar o caminho para a realização de reformas da Previdência e também do próprio Estado. ¿Evidente que não haveria um impacto automático nas despesas, mas seria uma correção de rumo que abriria espaço para o governo ampliar os investimentos, o que já vem ocorrendo.¿