Título: MS veta visita de ministro a presídio
Autor: Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/06/2006, Metrópole, p. C5

No mesmo dia da chegada de 200 homens e mulheres da Força Nacional de Segurança Pública para patrulhar cidades e fronteiras de Mato Grosso do Sul por 60 dias, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, foi impedido de visitar uma das penitenciárias que o governo federal vai ajudar a restaurar. Bastos visitou ontem o Estado para entregar recursos para a reforma. Mas a passagem pelo presídio de segurança máxima Jair Ferreira de Carvalho, em Campo Grande, prevista na agenda, foi cancelada por falta de segurança.

A alegação oficial foi de que o ministro tinha um compromisso em São Paulo e se atrasaria se fosse visitar a penitenciária, que fica na saída de Campo Grande. Mas homens do serviço de inteligência da Força Nacional de Segurança e da Polícia Civil concluíram que seria perigoso deixar o ministro da Justiça entrar num presídio parcialmente destruído, cuja segurança está a cargo de policiais militares armados, em vez de agentes penitenciários.

"A estrutura dos dois presídios de Campo Grande está seriamente avariada, estamos com PMs lá dentro. Não é o momento", explicou o diretor-geral da Polícia Civil do Estado, Wagner Silva. Segundo ele, porém, o serviço de inteligência não encontrou indícios de novas rebeliões ou ameaça específica referente à visita do ministro. "Não temos que colocar o ministro para visitar o presídio. Temos que colocar presos lá dentro", disse o secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa.

O presídio de segurança máxima que iria ser visitado por Thomaz Bastos foi uma das quatro prisões do Estado que registraram rebeliões na mesma época em que São Paulo enfrentava a recente onda de violência promovida pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). A coincidência reforçou a suspeita de que os motins foram insuflados por criminosos ligados ao PCC.

Na penitenciária que seria visitada pelo ministro estão 1.400 presos, entre eles líderes de quadrilhas de tráfico e contrabando. Após a rebelião, os 120 detentos considerados mais perigosos foram transferidos para a prisão de Dourados. Em um dos convênios assinados ontem, o governo federal liberou R$ 2,34 milhões só para o presídio de Dourados.