Título: Novo diretor do BC pede 'vigilância nos preços'
Autor: Gustavo Freire
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/06/2006, Economia, p. B1

O novo diretor de Estudos Especiais do Banco Central (BC), Mário Mesquita, afirmou que a atitude de vigilância em relação ao comportamento dos preços não deve ser abandonada. Para ele, a taxa de juros não pode ser usada com a intenção de provocar surtos de crescimento econômico. "Tentativas de utilizar a política monetária para promover surtos de crescimento são geralmente infrutíferas", afirmou, no discurso de posse feito em cerimônia fechada, com a presença do presidente do BC, Henrique Meirelles, e demais dirigentes do banco.

Para ele, o dever do BC, num regime de metas de inflação, é consolidar um processo de convergência dos preços para a trajetória de metas fixadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). "Tal consolidação, que parece ter se acelerado nos últimos meses, exigiu e continuará exigindo atitude vigilante da autoridade monetária."

Mesquita também defendeu o regime de câmbio flutuante adotado pelo Brasil desde janeiro de 1999: "Mostra-se particularmente apropriado para economias continentais e relativamente fechadas ao comércio exterior, como a brasileira". Os regimes de câmbio administrado, afirmou, têm custos fiscais e sociais elevados. Nesses regimes, a eventual alta da inflação provocada por fontes de pressões internas é combatida por ajustes na política fiscal e no mercado de trabalho, e não por mudança nos juros definidos pelo BC.

A manutenção da inflação em níveis baixos, disse, é a maior contribuição que o BC pode dar para garantir crescimento econômico com distribuição de renda. Em conseqüência, a economia ganha condições de elevar a capacidade produtiva e renova o fôlego do processo de alongamento das dívidas dos setores privado e público, o que abre espaço para um abandono gradativo dos mecanismos de indexação típicos de economias instáveis.