Título: Opep mantém produção de petróleo
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Fonte: O Estado de São Paulo, 02/06/2006, Economia, p. B9

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) concordou em manter seu teto de produção (28 milhões de barris por dia, o mais alto em 25 anos), apesar da escalada dos preços. Segundo o presidente do cartel, o nigeriano Edmund Daukoru, os níveis de estoques de petróleo dos países consumidores estão altos; os de gasolina, baixos "e os mercados parecem estar equilibrados".

Mas Daukoru não descartou uma mudança na cota ainda este ano. "O grupo vai continuar a monitorar o mercado, uma vez que ainda não se alcançou o grau de estabilidade que permitiria que nossos encontros fossem mais distantes entre si. Assim, vamos adotar medidas comedidas e observar o mercado."

O ministro de petróleo da Arábia Saudita, Ali Naimi, também alegou que, embora a demanda no mercado ao redor do mundo seja "saudável", os clientes não querem comprar petróleo com alto porcentual de enxofre, mais difícil de refinar. "Ninguém quer petróleo pesado, não há refinarias para lidar com petróleo pesado."

Naimi estima que o mercado esteja com um excesso de oferta de cerca de 1 milhão de barris por dia. Ele se recusou a dar uma perspectiva para os preços do produto, dizendo apenas que um preço justo "é qualquer coisa que o consumidor queira pagar".

O encontro foi dominado pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que disse que o Equador e a Bolívia devem ser convidados a aderir ao cartel. Ele elogiou o papel do grupo. "A Opep é uma organização anticolonialista, antiimperialista, é uma organização libertadora para o desenvolvimento de nossos povos da América Latina, África e Ásia." Segundo Chávez, o cartel deve estabelecer uma nova banda de preços, com um piso de US$ 50 por barril e um teto sem limite. "Um teto não faz falta e procuraremos o equilíbrio", garantiu.

Ontem foi um dia de baixa. Em Nova York, o contrato para entrega em julho fechou cotado a US$ 70,34 o barril, recuo de 1,33%. Em Londres, o contrato do tipo Brent para julho fechou em US$ 69,39, queda de 1,45%.