Título: Mercado otimista, por enquanto
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/06/2006, Economia, p. B11

A divulgação de indicadores americanos, dentro das expectativas dos analistas, trouxe otimismo para o mercado financeiro ontem, depois do stress dos últimos dias. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) voltou a subir e fechou o pregão na máxima do dia, com alta de 3,34%, em 37.748 pontos. O dólar também deu uma trégua e caiu 3,01%, cotado a R$ 2,253. Já o risco país, que reflete a confiança dos investidores estrangeiro no Brasil, recuou 3,68%, para 262 pontos.

Mas tanto bom humor está longe de significar o fim da volatilidade, alertam economistas. Como a ata do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), divulgada quarta-feira, não deu nenhuma pista do que vai ocorrer com os juros na reunião do dia 29, "o mercado vai continuar oscilando conforme a divulgação de indicadores da economia americana", diz o economista da López León, Flávio Serrano.

O desempenho dos ativos ontem foi resultado de alguns números divulgados nos EUA, como o Índice Nacional de Atividade (ISM), o número de pedidos de auxílio-desemprego na semana passada e a produtividade de mão-de-obra. Os gastos com construção, que caíram 0,1% em abril, também ajudaram a afastar, pelo menos momentaneamente, os temores em relação à inflação.

Em Wall Street, os números resultaram em uma queda dos treasuries (títulos do Tesouro americano) e na alta das bolsas. O índice Dow Jones subiu 0,82% e a Nasdaq, 1,88%. As bolsas européias também fecharam com valorização.

"No Brasil, o desempenho dos ativos ontem foi melhor porque o tombo dos últimos dias também foi mais forte", disse Alexandre Maia, economista da Gap Asset Management. Segundo ele, a continuidade da recuperação de ontem, porém, dependerá dos dados do mercado de trabalho americano.

Hoje serão divulgados novos números. Portanto o mercado poderá ficar nervoso, avaliam os economistas. Até a reunião do Fed, o mercado vai ficar oscilando conforme os indicadores de curto prazo. "A cada bateria de dados, o mercado vai reavaliar o cenário", afirma Maia.

No cenário interno, o resultado do Comitê de Política Monetária (Copom) também deu alívio ao mercado financeiro. A queda de 0,5 ponto porcentual, para 15,25% ao ano, sinalizou que novos cortes poderão vir. É claro que não na mesmo intensidade das reduções anteriores.

A calmaria também beneficiou os títulos da dívida brasileira, que seguiram o ritmo das bolsas internacionais. O BR-40 teve forte alta de 1,10%, para 123,6% do valor de face. O A-Bond também aproveitou o bom humor de ontem e recuperou parte dos prejuízos dos últimos dias: subiu 1,15%, para 105,6% do valor de face.