Título: Consumo puxa para cima o PIB do 2º trimestre
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/07/2006, Economia, p. B7

Os investimentos, que foram a principal influência positiva nos resultados do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no primeiro trimestre, serão substituídos pela força do consumo das famílias no segundo trimestre.

Especialistas avaliam que o aumento da renda, o reajuste do salário mínimo e a oferta do crédito vão garantir maior intensidade no crescimento do consumo das famílias, que responde por cerca de 55% do cálculo do PIB pela demanda (que inclui também importações, exportações e consumo do governo).

Estevão Kopschitz, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), disse que as contas da instituição apontam para um aumento de 4,4% no consumo das famílias no segundo trimestre ante igual período do ano passado.

No caminho oposto está a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, ou taxa de investimentos), que, segundo ele, deve desacelerar de 9% nos primeiros três meses do ano para 7,8% no segundo trimestre , sempre na comparação com igual período do ano passado.

"O aumento do consumo das famílias se relaciona com a renda em alta, o crédito e o reajuste do salário mínimo", disse Kopschitz. Os dados do PIB relativos ao período de abril a junho serão divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 31 de agosto.

Segundo ele, o desempenho do PIB este ano será marcado pela influência negativa do setor externo - já que as importações crescem em velocidade maior do que as exportações - e maior impacto da demanda interna.

Marcela Prada, analista da Tendências Consultoria, também acredita no consumo das famílias como impulso para o PIB no segundo trimestre. "A expectativa é de crescimento da demanda interna, com a renda em alta e o crédito em expansão", disse. A Tendências também estima um crescimento de 1,4% no PIB do segundo trimestre ante o primeiro trimestre.

Para o economista do Ibmec e da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, o consumo das famílias terá forte influência no PIB do segundo trimestre, mas "o chamado choque de renda vai se esgotar aí". Ele também estima que o PIB do segundo trimestre vai crescer 1,4% ante o primeiro trimestre, puxado pela demanda interna.

Segundo Thadeu de Freitas, "a inflação mais baixa e o dólar reduzido estão aumentando o consumo familiar". Para ele, essa forte influência tende a se esgotar a partir do terceiro trimestre, quando o crédito, que vem ajudando a impulsionar o consumo, será comprometido pela inadimplência. "A velocidade da queda dos juros não foi proporcional à queda da inflação, o que vai gerar um arrocho no consumo das famílias a partir do terceiro trimestre", acredita.