Título: Sindicato tenta parar Aeroporto de Guarulhos
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/07/2006, Economia, p. B12

Depois de muita gritaria, troca de acusações e até pancadaria, os funcionários da Varig retornaram o atendimento aos passageiros ontem à noite no aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. Eles cruzaram os braços por mais de três horas.

A paralisação começou depois de uma assembléia realizada às 18 horas, quando os funcionários decidiram fazer greve por tempo indeterminado. Mais tarde, a leitura da lista de quem foi demitido e quem ficou na empresa dividiu a categoria.

Depois de muita confusão, a decisão de greve foi mantida, mas há dúvidas se os funcionários conseguirão manter a mobilização.

A tentativa de manter a paralisação ontem à noite fracassou. O Sindicato dos Aeroviários de São Paulo tentou montar uma estratégia para garantir o cumprimento da decisão votada em assembléia, mas a intervenção da Polícia Militar garantiu o atendimento de 300 passageiros que aguardavam uma solução no saguão do aeroporto.

A decisão da assembléia determinava que os funcionários não retornariam ao trabalho sem pagamento do salários atrasados e de toda a verba recisória dos demitidos.

Com o retorno ao trabalho, os vôos para Fortaleza, Porto Alegre, Frankfurt e Nova York partiram normalmente do aeroporto de Guarulhos.

CHORO E LAMENTOS

Tristeza, sentimento de indignação e alegria se misturaram entre os funcionários da Varig que se concentraram na parte de trás do check in. Muitos se abraçaram e em prantos. Outros, ao celular, avisavam aos familiares da sorte de permanecerem empregados. Esses sentimentos distintos levaram a um incidente.

Um funcionário escolhido para ficar na empresa, decidiu ir ao check in para iniciar o atendimento dos passageiros. Um grupo de trabalhadores demitidos reagiu com violência ao tentar retirar o colega de trabalho da área de atendimento.

Um longo bate boca entre os funcionários tornou o ambiente ainda mais tenso. Após a confusão uma nova reunião foi realizada. Neste encontro, os funcionários reafirmaram a decisão de manter a paralisação, segundo o Sindicato dos Aeroviários.

Os dirigentes sindicais articulavam uma estratégia para assegurar a continuidade da paralisação na noite de ontem.

A chegada da Polícia Militar inviabilizou o plano, ocupando o check in para garantir que os passageiros fossem atendidos pelos funcionáiros que decidiram trabalhar.

ANAC

O diretor-geral da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, disse ontem ao Estado que os fiscais da agência nos aeroportos vão monitorar o atendimento dos usuários da Varig para avaliar o grau de prejuízo que a paralisação dos funcionários causaria.

Ele estava em contato com o presidente da companhia aérea, Marcelo Bottini: "Conversamos por telefone e ele (Bottini) nos tranqüilizou quanto aos problemas que a paralisação poderá criar", disse Zuanazzi.