Título: Irã e Síria proclamam vitória da guerrilha
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Fonte: O Estado de São Paulo, 16/08/2006, Internacional, p. A20

Os líderes de Irã e Síria elogiaram ontem o Hezbollah e disseram que o grupo xiita libanês derrotou Israel na guerra que durou 34 dias. O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, enalteceu a resistência do Hezbollah e disse a uma multidão na cidade de Ardebil que "essa guerra mostrou que qualquer nação que acredita em Deus e luta por seus direitos será certamente vitoriosa". Ele fez a declaração um dia após o presidente americano, George W. Bush, dizer ao Irã que ele deve parar de apoiar os grupos armados que tentam prejudicar a democracia no Iraque e no Líbano. "A Grã-Bretanha e a América são os principais associados do regime sionista (Israel) em sua ofensiva no Líbano e devem compensar o Líbano pelos danos", disse. O Hezbollah já começou a ajudar as pessoas desabrigadas na guerra e supõe-se que o dinheiro usado seja de Irã e Síria, que apóiam o grupo xiita.

O presidente sírio, Bashar Assad, declarou ontem que a "vitória" do Hezbollah destruiu os planos dos EUA de remodelar o Oriente Médio. "Seu novo Oriente Médio, baseado na subjugação e humilhação, e a negação de direitos e identidade, tornou-se uma ilusão", disse Assad, referindo-se ao objetivo do governo americano de ajudar a criar o que ele chama de um novo e democrático Oriente Médio. "É evidente que após seis anos deste governo (americano) não há paz e não haverá nenhuma em um futuro previsível", acrescentou. Assad insistiu que Israel precisa devolver as terras árabes ocupadas desde 1967 ou enfrentará mais insegurança.

O ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, descreveu o discurso de Assad como "contribuição negativa" e cancelou a visita à Síria que iniciaria ontem.