Título: Bancos suíços estão de olho no Brasil
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/08/2006, Economia, p. B3

Até os bancos suíços, conhecidos como os mais eficientes do mundo, querem ganhar dinheiro no Brasil. O UBS anunciou ontem lucros recordes nas operações mundiais e destacou que o mercado brasileiro "tem potencial enorme" para as suas atividades. O Bank Leu também quer ganhar espaço no País.

O Estado revelou, na edição de domingo, um estudo do consultor Carlos Coradi que mostra que os bancos brasileiros só perdem em rentabilidade para os suíços.

O retorno sobre o patrimônio na Suíça é de 26,9% e no Brasil, de 24,7%. Uma consulta nos mercados financeiros de Genebra e Zurique mostra que essa rentabilidade é acompanhada de perto pelos suíços.

Nos balanços semestrais, Bradesco, Itaú e Unibanco apresentaram ganhos recordes. Curiosamente, os dois principais bancos suiços, o Credit Suisse e o UBS, também divulgaram balanços e com lucros recordes.

Ontem, em Zurique, o UBS superou todas as previsões ao anunciar o resultado de US$ 5,3 bilhões no primeiro semestre, 40% mais que no mesmo período de 2005. O fluxo líquido do banco chegou a US$ 67 bilhões, um aumento de 27% ante o primeiro semestre de 2005.

O Credit Suisse também já havia anunciado, no início do mês, resultados inéditos. No primeiro semestre do ano, obteve lucro de US$ 3,9 bilhões, 68% acima do resultado do mesmo período em 2005. O lucro líquido foi duas vezes superior ao do ano anterior.

Mesmo com todos esses lucros, os bancos suíços não deixam de dar atenção ao Brasil. O Credit Suisse foi o primeiro a desembarcar no mercado, ainda em 1998. Hoje, tem ativos totais de US$ 9,7 bilhões no Brasil.

NO PACTUAL Ontem, porta-vozes do UBS não mediam palavras para elogiar o potencial do mercado brasileiro. "Não éramos um banco com uma presença forte no Brasil até pouco tempo. Mas estamos vendo que o País oferece oportunidades de crescimento significativas. Existe um potencial crescente para a indústria de serviços financeiros no Brasil que queremos desenvolver", afirmou Patrick Zuppiger, um dos porta-vozes da maior instituição financeira da Suíça.

Segundo o UBS, uma oportunidade para entrar de forma mais consolidada no mercado brasileiro foi por meio da compra do Banco Pactual.

"O processo de aquisição deve estar concluído até o fim do ano", explicou Zuppiger. A compra do banco brasileiro foi a maior realizada pelo UBS nos últimos seis anos e exigiu US$ 11,8 bilhões.

No ano passado, o Banco Leu, o mais antigo da Suíça, também anunciou que estava aumentando sua representação em São Paulo. Segundo o banco, exige-se que o cliente conte com cerca de 1 milhão de francos suíços, algo em torno de R$ 2 milhões, apenas para abrir uma conta.

Fora da Suíça, o banco tem apenas um escritório em São Paulo, em Buenos Aires e em Nassau, um paraíso fiscal no Caribe. No caso do Brasil, o mercado é de tamanha relevância que o Leu é um dos poucos na Suíça a contar com um website em português sobre suas atividades financeiras.

Inaugurado em 1755, o banco apresentou lucro de 166 milhões de francos suíços em 2004, um aumento de 38% na comparação com 2003.