Título: Crescimento da China é o maior em dez anos
Autor: João Caminoto
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/08/2006, Economia, p. B8

O Banco Mundial informou que o crescimento da economia da China no segundo trimestre do ano foi de 11,3%, o maior desde 1996. Isso resultou numa expansão de quase 10,9% no primeiro semestre em relação ao mesmo período em 2005. O banco prevê que o PIB chinês crescerá 10,4% em 2006 e 9,3% no próximo ano. Apesar da alta nos preços das commodities e do petróleo, as pressões inflacionárias continuaram moderadas. "Isso ocorre principalmente porque a capacidade de produção da China continua a crescer alinhada com a demanda", informou o Banco Mundial no relatório trimestral sobre o país.

As exportações continuaram superando as importações em julho, crescendo 24% em dólares. No segundo trimestre, a alta foi de 18%. Com isso, o superávit comercial atingiu um nível recorde de US$ 14,5 bilhões em junho e julho. "No curto prazo, o superávit é estimulado pela demanda dos parceiros comerciais e alguma desvalorização efetiva da moeda, o renminbi." O renminbi continuou a trajetória de lenta apreciação diante do dólar.

Com o crescimento do superávit comercial, a China adicionou US$ 115 bilhões às suas reservas em moedas estrangeiras no primeiro semestre. No fim de junho, elas somavam U$ 941 bilhões. Embora o superávit comercial tenha crescido mais de 50% no primeiro semestre, somando US$ 62 bilhões, o fluxo de investimentos diretos estrangeiros continuou em torno de US$ 28 bilhões, próximo do nível de 2005.

AQUECIMENTO As perspectivas para a economia chinesa continuam favoráveis. "Com a capacidade de produção continuando a se expandir alinhada com a demanda, a inflação em baixa e a conta corrente em superávit, a principal preocupação das autoridades é não permitir um aquecimento econômico excessivo."

O governo chinês implementou uma séria de medidas para esfriar a economia, reagindo aos indicadores de forte crescimento. Entre elas, um aperto monetário pela absorção de liquidez no mercado interbancário, medidas administrativas para limitar empreendimentos imobiliários, controles rígidos nos projetos de investimentos e relaxamento dos controles de saída de capitais. Segundo o Banco Mundial, as autoridades deverão esperar os efeitos das medidas antes de dar novos passos para conter o consumo.

O relatório observa que o governo chinês teme que o elevado nível de investimento cause excesso de capacidade em alguns setores e afete os bancos, pois os empréstimos correriam o risco de não ser honrados. No entanto, essa preocupação é aliviada pelo fato de a maior parte do investimento ser financiada por lucros das empresas e não por empréstimos. Além disso, o maior crescimento nos investimentos está ocorrendo em setores amplamente comercializados. "Mas o contínuo boom nos investimentos justifica preocupações sobre eficiência, o que recomenda crescimento econômico mais moderado."