Título: Inflação ao produtor recua nos EUA
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Fonte: O Estado de São Paulo, 16/08/2006, Economia, p. B9

O Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês) subiu menos em julho do que projetavam analistas do mercado e reforçou a expectativa de que a economia dos Estados Unidos está se desacelerando. O índice cheio apresentou alta de 0,1% no mês e o núcleo (que exclui os itens alimentos e bebidas da medição) teve deflação de 0,3%.

Hoje, os investidores estarão atentos à divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês). A estimativa mais freqüente dos economistas consultados pela agência Reuters é de que o índice apresente uma alta de 0,4%, ante 0,5% de junho.

Segundo o Departamento de Trabalho americano, os principais responsáveis pelos números do PPI foram os custos menores dos veículos e a redução nos preços de alguns alimentos. Os preços de energia continuaram em alta em julho, com um incremento de 1,3%, depois de subir 0,7% em junho. Entretanto, os preços da gasolina subiram menos (0,7% ante 6,3%). Os alimentos recuaram 0,3% em julho (ante alta de 0,7% de junho).

Nos sete primeiros meses de 2006, os preços ao produtor avançaram a um ritmo anual dessazonalizado de 2%. A queda do núcleo em julho foi a primeira desde outubro do ano passado e animou os mercados.

Os bônus do Tesouro dos Estados Unidos e as bolsas de valores do país subiram. A avaliação geral dos investidores é de que os números podem levar o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), dirigido por Ben Bernanke, a manter a taxa básica de juros inalterada em 5,25% ao ano na reunião que ocorre no dia 20 de setembro. "Parece que a inflação está muito bem", disse Andy Brenner, que trabalha na divisão de renda fixa da Hapoalim Securities.

Seu colega Joel Naroff, da Naroff Economic Advisers, da Pensilvânia, advertiu que os preços ao produtor são voláteis e, por isso, deveriam ser tratados com cuidado. "Mas não se pode negar que o indicador deve tranqüilizar os funcionários do Fed."

MERCADO IMOBILIÁRIO Outro indicador que deixou os investidores aliviados ontem foi o que mede a confiança dos construtores nos Estados Unidos. Segundo a Associação Nacional dos Construtores de Moradias (NAHB, na sigla em inglês), o indicador ficou em 32 pontos em agosto, uma queda de 7 pontos em relação ao julho. Foi o pior resultado em 15 anos (desde fevereiro de 1991).

De acordo com a entidade, a falta de compradores levou a um aumento dos estoques de residências. "Os construtores estão tirando o pé do freio em termos de incentivos para manter os estoques baixos, mas, no momento, esta batalha é muito dura", comentou o economista da NAHB David Seiders.

Segundo economistas, o mercado imobiliário foi um dos grandes responsáveis pelo aquecimento da economia dos EUA nos últimos anos. Com taxas de juros baixas, os americanos repassavam para frente suas hipotecas e, com o dinheiro acumulado pela valorização do imóvel, iam às compras.