Título: Organização calcula o quanto famílias e empresas poluem
Autor: Mariana Barbosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/08/2006, Negócios, p. B16

Nos próximos meses, o escritório de advocacia Pinheiro Neto deve iniciar o plantio de 64 mil espécies de árvores nativas da Mata Atlântica, equivalente a uma área de 40 hectares. Essas árvores vão retirar da atmosfera, ao longo de 30 anos, a poluição gerada pelo escritório e seus sócios durante cinco anos. No período, o escritório poderá exibir o selo Neutro em CO2, da ONG The Green Iniciative.

Espécie de versão voluntária do Protocolo de Quioto, a Green Iniciative é uma consultoria ambiental criada no final do ano passado por um grupo de jovens biólogos e engenheiros com o objetivo de contribuir com as metas globais de redução de emissão de carbono e incentivar programas de reflorestamento. "Juntamos o benefício global de prevenção de mudanças climáticas com o benefício local de preservação da biodiversidade", afirma o diretor de Meio Ambiente da Green Iniciative, Roberto Strumpf.

O trabalho da consultoria, uma organização da sociedade civil de interesse público (oscip), é calcular as emissões - medindo consumo de energia, uso de automóveis e aviões, entre outros - e encontrar áreas que necessitem ser reflorestadas.

Qualquer um pode compensar sua emissões de carbono. Uma família de classe média, por exemplo, com dois filhos e dois carros, precisaria plantar 63 árvores por ano. Uma multinacional como a Unilever, que emite por ano 3,6 milhões de toneladas de CO2, precisaria plantar 20 milhões de árvores ao ano - o suficiente para preencher nada menos que 26.666 campos de futebol.

O banco Itaú, única empresa brasileira a tornar públicas suas emissões de carbono, precisa de 841.666 árvores por ano.

Para popularizar a idéia, o site thegreeniniciative.com traz uma calculadora que permite a qualquer um mensurar seu impacto na natureza. "Quem quiser pode plantar árvores no quintal", diz Strumpf. Além de projetos para empresas, o certificado de livre de carbono pode ser emitido para livros, CDs e até mesmo conferências, como ocorreu com a Convenção sobre Biodiversidade da ONU, no Paraná.

O custo do projeto do Pinheiro Neto é estimado em R$ 50 mil. "Vamos plantar nossas árvores nas margens de reservatórios de hidrelétricas, recuperando matas ciliares","afirma o sócio da área de Meio Ambiente do escritório, Werner Grau.