Título: Alckmin evita fixar meta numérica
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/07/2006, Nacional, p. A5

Em fase final de elaboração, o programa de governo do candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, não vai apresentar uma única meta numérica - nem na área social nem na econômica. "A idéia é do quanto mais melhor", desconversa o principal responsável pela construção das propostas, João Carlos de Souza Meirelles.

O PSDB quer evitar na campanha deste ano a guerra de números registrada em 2002, quando o então candidato tucano, José Serra, e o petista Luiz Inácio Lula da Silva polemizaram à exaustão em relação, por exemplo, ao número de criação de empregos necessários para o País. Enquanto Serra defendia a marca de 8 milhões, Lula batia na tecla dos 10 mil.

"Não estamos fazendo (um programa) para jogar para a torcida, para ser discurso de campanha. Estamos, de fato, tratando de conteúdo, de elaborar uma proposta para governar o País", afirma Meirelles, explicando o motivo de o partido não se concentrar em números, mas em ações e propostas concretas.

O programa de governo de Alckmin está previsto para ser concluído em menos de um mês. A idéia é que o caderno final, que deverá ter cerca de 100 páginas, esteja pronto para a distribuição antes do início do horário eleitoral gratuito no rádio e na TV, em 15 de agosto.

Dividido em 30 temas - o primeiro é educação e o último, gestão pública -, o programa tucano está disposto sob um guarda-chuva de cinco grandes temas: capital social, inovação tecnológica, infra-estrutura, gestão pública e mercado. Na abertura do caderno, um texto de Geraldo Alckmin sobre crescimento econômico com desenvolvimento social, um dos motes da campanha.

O programa de governo de Alckmin à Presidência está sendo elaborado com a participação dos partidos aliados - PFL e PPS - e do próprio presidenciável tucano. Anteontem à noite, depois de cumprir agenda em Diadema e Santo André, Alckmin se reuniu com o ex-ministro da Agricultura do governo Fernando Henrique Pratini de Moraes - representante do PFL -, o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE), e Meirelles para trabalhar na reta final do programa de governo. Entre os temas que têm capítulos específicos estão educação, saúde, inclusão social, cultura, esporte, trabalho e emprego, desenvolvimento agrícola, política agrária, segurança nacional, política macroeconômica e microeconômica.

Nas palavras de Meirelles, todos os temas estão sendo tratados sob o ponto de vista da política de Estado a médio e longo prazo. "Não haverá nada de fantasias para iludir o eleitor pensando apenas na próxima eleição", promete, apontando para um texto do PT com promessas de Lula em 2002.