Título: G-8 pede fim de ataques do Hezbollah
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Fonte: O Estado de São Paulo, 17/07/2006, Internacional, p. A13

Os líderes do Grupo dos Oito (os sete países mais ricos - EUA, Grã-Bretanha, Alemanha, França, Japão, Canadá e Itália - e a Rússia) disseram ontem que os militantes do grupo xiita libanês Hezbollah precisam libertar os dois soldados israelenses capturados e encerrar imediatamente os ataques contra Israel para acabar com a escalada da violência no Oriente Médio.

Em um comunicado divulgado durante sua reunião de cúpula em São Petersburgo, os líderes do G-8 também pediram que Israel exerça maior comedimento em sua ofensiva no Líbano para evitar a morte de civis, danos a prédios e a desestabilização da frágil coalizão do governo libanês. No entanto, atribuíram a crise totalmente a "elementos extremistas" e colocaram sobre o Hezbollah o ônus de acabar com ela.

Relacionando condições para o fim da violência, o texto, com palavras cuidadosamente escolhidas, diz ainda que o fim das operações militares de Israel e a retirada de suas forças da Faixa de Gaza são necessários para "criar a base de uma solução mais permanente". Também pede que os ministros e deputados palestinos presos sejam libertados. A declaração manifestou apoio ao direito de autodefesa de Israel, seguindo a posição dos EUA, o principal aliado do Estado judeu.

"A raiz dos problemas na região é a ausência de um ampla paz no Oriente Médio", disse o comunicado. "A atual crise é resultado dos esforços das forças extremistas para desestabilizar a região e frustrar as aspirações de palestinos, israelenses e libaneses por democracia e paz."

Apesar de o texto destacar que "a mais urgente prioridade" era criar condições para encerrar a violência, não pede diretamente um cessar-fogo, algo que o presidente americano teria barrado logo no início do dia, apesar das pressões do presidente francês, Jacques Chirac. O líder francês insistiu numa trégua. "É evidente que o G-8 está pedindo um cessar-fogo no Líbano e Gaza", disse Chirac a repórteres após a divulgação do comunicado.

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que, como parte dos esforços para encerrar a crise, os líderes do G-8 queriam que fosse formada uma nova missão de observadores militares para o Líbano. "O governo libanês precisa receber todo tipo de apoio para aplicar as resoluções da ONU no sul do Líbano (incluindo uma que pede o desarmamento do Hezbollah). Pedimos que além das atividades da ONU, uma missão de observadores seja enviada. Isso tem de ser feito por meio da ONU", disse Merkel à imprensa.

SATISFAÇÃO

O governo israelense manifestou sua satisfação com a declaração do G-8 sobre a crise no Líbano, em particular em relação ao apelo para que o Hezbollah pare de atacar Israel. "Não estamos surpresos, trabalhamos muito para que os países do G-8 emitissem uma declaração positiva", indicou a chancelaria israelense.