Título: Coréia do Norte desafia ONU e diz que manterá programa de mísseis
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Fonte: O Estado de São Paulo, 17/07/2006, Internacional, p. A14

A Coréia do Norte rejeitou duramente ontem uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que pede o fim de seu programa de mísseis, advertindo que a medida é um prelúdio para uma nova "guerra coreana". Num comunicado, a chancelaria anunciou que o regime comunista "apoiará sua guerra dissuasiva de autodefesa" - termo freqüentemente usado para se referir ao programa nuclear do país.

"Nossa república denuncia veemente e recusa a resolução do Conselho das Nações Unidas como produto da política hostil dos EUA dirigida à RDPC e não será obrigado por eles a retroceder em suas ações", assinalou a chancelaria, usando as iniciais do nome oficial do país, República Democrática Popular da Coréia.

O anúncio foi feito um dia depois de o CS da ONU aprovar por unanimidade resolução que condena a Coréia do Norte pelo lançamento de mísseis e pede que ela suspenda todos os testes nesse setor. O documento, elaborado pelo Japão, também proíbe a transferência, para a Coréia do Norte, de materiais e tecnologia que possam ser usados na fabricação de mísseis e armas de destruição em massa. Mas não ameaça usar a força para obrigar a o país a recuar. Uma referência indireta ao uso da força foi retirada por pressão da China e da Rússia.

O presidente dos EUA, George W. Bush, e seu colega chinês, Hu Jintao, reiteraram ontem o pedido à Coréia do Norte para que o país retorne o mais rápido possível à mesa de negociações sobre seu programa nuclear.

O tema foi um dos assuntos principais nas conversas entre os dois líderes, reunidos ontem paralelamente à cúpula do Grupo dos Oito (G-8) em São Petersburgo, na Rússia.

Segundo o presidente Hu, tanto os Estados Unidos quanto a China expressaram o compromisso de manter a paz na Península Coreana e concordaram em continuar se esforçando para avançar nas conversas multilaterais sobre o programa nuclear norte-coreano.

Tanto Bush como a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, elogiaram a China por apoiar a resolução das Nações Unidas. "Contamos com um voto afirmativo, não com uma abstenção", disse Condoleezza. Para ela, dada a unidade internacional demonstrada no acordo de sábado, a Coréia do Norte não terá outra opção senão retornar à mesa de negociações.

As conversações foram suspensas em novembro, depois que a Coréia do Norte fez objeções frente às sanções financeiras dos Estados Unidos - que, na época, acusaram o país de falsificação dólares e de envolvimento com o contrabando de moeda americana. Desafiando as advertências internacionais, o país testou vários mísseis, incluindo um de longo alcance, no dia 5.