Título: Alta no petróleo preocupa G-8
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Fonte: O Estado de São Paulo, 17/07/2006, Economia, p. B3
Os países do G-8 expressaram ontem sua preocupação com a forte subida dos preços do petróleo, sobretudo após as ofensivas de Israel no Líbano, e defenderam diversas alternativas de fonte de energia, inclusive a nuclear. Em uma declaração comum divulgada na cúpula de São Petersburgo, o grupo que reúne os países mais industrializados do mundo mais a Rússia, classificou de "grave problema" a alta dos preços do petróleo, que foi acelerada pela recente crise no Oriente Médio.
"Para superar o desafio de garantir um suficiente abastecimento de energia no mundo, devemos resolver graves problemas, como os altos e voláteis preços do petróleo", diz o documento.
O preço do barril bateu recordes históricos na semana passada, superando pela primeira vez os US$ 78. A preocupação é que esses preços possam diminuir o crescimento da economia mundial, até agora pouco afetada pelo encarecimento da energia.
O principal fator dessa espiral nos preços é o temor de um conflito generalizado no Oriente Média, depois do início dos enfrentamentos entre Israel e Líbano, que poderiam envolver Síria e Irã, membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e grande produtor do óleo.
O G-8 preferiu, contudo, enviar uma mensagem tranqüilizadora e se comprometeu a prosseguir seus esforços de economia de energia, a investir "em toda a cadeia de abastecimento" e a diversificar suas fontes de energia. Entre elas as energias renováveis, mas também a nuclear, que volta a ser discutida em nível mundial.
Em sua declaração, o G-8 diz que os países do grupo "que têm ou estudam projetos de utilização e/ou desenvolvimento nuclear consideram que o desenvolvimento dessa fonte de energia contribuirá para a segurança energética mundial, reduzindo a contaminação do ar".
Com exceção da Alemanha, a maioria dos países do G-8, como Estados Unidos, França, Rússia e mais recentemente o Reino Unido, já anunciaram claramente sua intenção de seguir por esse caminho.
TRANSPARÊNCIA Por outro lado, os países do G-8 se comprometeram a promover em todo o mundo mercados de energia "abertos e transparentes". O grupo, que inclui Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Japão e Rússia, defendeu uma série de princípios diretores para o funcionamento dos mercados, que devem ser "abertos, transparentes, eficazes e competitivos", de acordo com o o documento.
Além disso, seus membros defendem a existência de um "marco legislativo transparente e equilibrado" para favorecer as inversões no setor energético.
Os países do G-8 confirmaram seu apoio aos princípios da Carta de Energia, firmada em 1994, mas que ainda não foi ratificado pela Rússia. O setor energético deve estar submetido às regras da livre competição, segundo a carta. A Rússia não ratificou o texto para não afetar o monopólio que sua gigante nacional Gazprom tem sobre o transporte de gás.
Esse continua sendo um dos temas mais controversos entre Moscou e seus sócios europeus do G-8, muito dependentes do gás russo.