Título: Partido de Evo terá 53% da Assembléia
Autor: Roberto Lameirinhas
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/07/2006, Internacional, p. A13
Mais que dar ao partido de Evo Morales 135 das 255 cadeiras da assembléia que redigirá a próxima Constituição da Bolívia, a votação de domingo mostrou o crescimento do Movimento ao Socialismo (MAS), que ampliou sua votação nacional. Pela fórmula adotada para a composição da Assembléia Constituinte, nem o MAS nem nenhum outro partido poderia eleger mais de 158 cadeiras, no caso de vitória em 100% das 70 circunscrições eleitorais e nos nove departamentos do país. Na prática, o partido de Evo deixou de ganhar apenas 23 das 158 cadeiras possíveis.
Mas aquilo que, à primeira vista, parece uma vitória retumbante, na verdade está sendo descrito pela oposição como um resultado fraco. Todos esperavam mais de um partido com um presidente que exibe altos índices de popularidade, principalmente depois da nacionalização de toda a exploração e comercialização de gás, petróleo e outras riquezas minerais no dia 1º de maio.
O Movimento ao Socialismo ganhou nos cinco departamentos do Altiplano (La Paz, Cochabamba, Chuquisaca, Oruro e Potosí), vencendo em todas as circunscrições, na maior parte dos casos com mais de 50%. Está tecnicamente empatado com a aliança opositora Podemos em dois dos quatro departamentos do Oriente - Tarija e, surpreendentemente, Santa Cruz.
No referendo sobre autonomia, o "não", defendido pelo MAS, venceu no país com 56% dos votos, segundo projeções realizadas por emissoras de televisão bolivianas. Em nível regional, o "sim" venceu nos quatro departamentos no Oriente: Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando. A votação em Pando foi apertada - 52,9% para o "sim" e 47,1% para o "não" -, para decepção dos líderes autonomistas.
A oposição conseguiu uma vitória em março, ao impor sua fórmula, segundo a qual, independentemente da diferença, o partido mais votado na circunscrição ficou com duas cadeiras e o segundo, com uma. Na votação das listas departamentais, o partido mais votado ficou com duas cadeiras e o segundo, terceiro e quarto colocados - desde que tenham obtido mais de 5% dos votos - asseguraram uma cadeira, cada.
SUCRE Capital oficial do país, Sucre se prepara para recuperar o status de centro de influência política, perdido para La Paz no fim do século 19, com o declínio das atividades de mineração da área.
O governo local se apressa realizando obras de infra-estrutura para abrigar a Assembléia Constituinte, que começa seus trabalhos preliminares já a partir do dia 6 de agosto.