Título: Furlan prevê saldo de US$ 40 bilhões este ano
Autor: Vânia Cristino
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/07/2006, Exportações batem recorde e chegam a US$ 11,435 bi, p. B1

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, disse ontem em São Paulo que o superávit comercial deste ano deve ficar em torno de US$ 40 bilhões. Em janeiro, quando divulgou os números da balança comercial de 2005, Furlan informou apenas a meta para as exportações, de US$ 132 bilhões. O número divulgado ontem mostra redução de 9,09% do saldo comercial neste ano, já que em 2005 o superávit ficou na casa dos US$ 44 bilhões.

Furlan começaria ontem em Brasília a analisar os números da balança comercial no semestre e, a partir desse estudo, fará uma reprojeção dos dados das exportações e do saldo. "Mas adianto que tudo indica que o saldo vai ficar ao redor de US$ 40 bilhões", afirmou o ministro, que participou do Fórum "Desafios do Varejo", em São Paulo. Durante o evento, Furlan evitou responder de forma concreta às várias perguntas dirigidas a ele por empresários, sobre se gostaria de continuar na equipe de Luiz Inácio Lula da Silva caso o presidente seja reeleito.

Ao comentar os números do semestre, Furlan ressaltou que as exportações de janeiro a junho ficaram US$ 400 milhões abaixo do esperado. Esse montante corresponde, segundo ele, a um dia de vendas externas. De acordo com o ministro, as exportações de junho surpreenderam, superando em US$ 800 milhões o resultado de junho de 2005. Isso porque, segundo Furlan, a última sexta-feira, dia 30, foi atípica. Pela primeira vez na história, as exportações ultrapassaram o valor de US$ 1 bilhão em um só dia.

Na avaliação do ministro, este salto está relacionado ao fim da greve dos auditores fiscais, que vinha retendo as vendas externas, e também ao final do mês, do trimestre e do semestre, o que leva muitas empresas a fazerem grandes esforços para fechar embarques e contas. O ministro acredita que nas próximas semanas haverá regularização das exportações retidas por dois meses de greve.

Por enquanto, na avaliação de Furlan, a média de US$ 132 bilhões para o ano nas vendas externas está se comprovando, bem como o aumento das importações. "O que nos preocupa é que setores de mão-de-obra intensiva e consumidores de insumos nacionais têm perdido competitividade."

O s Ministérios do Desenvolvimento e da Fazenda e o Banco Central vão retomar os estudos das medidas para auxiliar as exportações de setores prejudicados pelo câmbio. A decisão foi tomada em reunião entre Furlan e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, na sexta-feira. Furlan preferiu não detalhar essas medidas, que serão anunciadas por Mantega.

No entanto, em conversas anteriores com jornalistas, Mantega e Furlan adiantaram que estão em estudos mudanças na cobertura cambial, novas linhas de financiamento aos exportadores e, eventualmente, alterações tributárias. Os dois ministros têm falado sobre o pacote de ajuda as exportadores desde 19 de maio, mas, até agora, nada foi anunciado.

RODADA DOHA O Brasil poderá ceder mais na negociação para a liberação de produtos industriais na Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), não de uma única vez, mas ao longo de um período. Essa é a opinião do ministro Furlan, para quem a indústria brasileira tem condições de ter ganhos de competitividade de 1% ao ano, se forem tomadas medidas de estímulo à produção.