Título: Vânia Cristino
Autor: Vânia Cristino
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/07/2006, Exportações batem recorde e chegam a US$ 11,435 bi, p. B1

As exportações brasileiras bateram um novo recorde em junho, alcançando os US$ 11,435 bilhões, com crescimento de 17,4% em relação a junho do ano passado. As importações somaram US$ 7,353 bilhões no mês, resultando num superávit comercial de US$ 4,082 bilhões, segundo dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

O secretário de Comércio Exterior, Armando Meziat, atribuiu ao fim da greve da Secretaria da Receita Federal e ao fato de o dia 30 de junho ser fim de mês, fim de trimestre e de semestre o "salto" verificado nas exportações entre a terceira e a quarta semanas de junho.

"Nos dois últimos dias do mês, houve concentração das exportações, que fugiram da média. Esses números estão distorcidos", observou o secretário. Na quinta-feira, dia 29, as exportações chegaram a US$ 741 milhões e, no dia 30, a US$ 1,145 bilhão. No mês, porém, a média diária foi mais baixa, de US$ 544,5 milhões. No acumulado do semestre, o saldo comercial foi de US$ 19,541 bilhões, um pouco abaixo do verificado no mesmo período de 2005, de US$ 19,654 bilhões.

Pelos dados divulgados ontem pelo governo, todos os resultados do primeiro semestre deste ano são recordes, com exceção do saldo comercial. No período de seis meses, as exportações somaram US$ 60,901 bilhões - crescimento de 16,6% em relação a igual período do ano passado -, enquanto as importações alcançaram US$ 41,360 bilhões, com crescimento de 21,6% ante 2005.

A redução do superávit comercial no mês, de pouco mais de US$ 100 milhões, é explicada pelo secretário de Comércio Exterior como conseqüência do aumento das importações, um fato já esperado, segundo ele. "O câmbio está favorável a isso", comentou Miziat.

O secretário garantiu que o crescimento das importações não preocupa o governo porque vem sendo concentrado em bens de capital e no segmento de combustíveis e lubrificantes. Segundo Meziat, permanece em US$ 40 bilhões a previsão para o saldo comercial deste ano, um número abaixo do resultado do ano passado, de US$ 45 bilhões. "Não há nenhum tipo de preocupação com relação à importação", assegurou ele.

Mesmo perguntado sobre o fato de as importações terem aumentado mais, em termos porcentuais, em alguns itens de bens de consumo, como, por exemplo, automóveis, o secretário fez questão de frisar que o atual nível não traz apreensão ao governo.

"Existem instrumentos para banir as importações danosas", justificou Meziat, fazendo referência às medidas restritivas que poderão vir a ser adotadas, se necessário.

Pelos dados divulgados ontem pelo MDIC, as importações de automóveis deram um salto de 109,4% no semestre, saindo de US$ 339 milhões no período de janeiro a junho do ano passado para US$ 710 milhões no mesmo período deste ano.

O secretário contrapôs essa informação com as exportações brasileiras de automóveis no mesmo período, que passaram de US$ 2,028 bilhões em 2005 para US$ 2,266 bilhões este ano, um aumento de 11,7%.