Título: Investimento é maior no governo Lula, diz Mantega
Autor: Fabio Graner, Gustavo Freire
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/07/2006, Economia, p. B6

Pouco mais de uma semana depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter anunciado oficialmente sua candidatura à reeleição, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, mostrou que o governo pretende utilizar intensamente os dados econômicos como cabo eleitoral. Ele convocou uma entrevista para apresentar uma sistematização de dados antigos com o objetivo de mostrar que os investimentos no governo Lula estão crescendo desde 2004 e vão permitir, mantida essa trajetória, que a economia brasileira cresça os 4,5% definidos como meta para o governo este ano, e também 4,75% em 2007 e 5% em 2008, o que seria um fato inédito na história recente.

"É importante que haja um aumento do investimento para que o crescimento (econômico) seja sustentável. Se o investimento está aumentando, significa que o Brasil pode crescer a taxas cada vez mais elevadas", afirmou Mantega. "Se a trajetória do investimento se mantiver na rota delineada aqui, poderemos ter um crescimento sustentado e robusto nos próximos anos. Isso é o que interessa", completou o ministro, que considerou conservadora sua estimativa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,75%.

Mantega apresentou gráficos mostrando que depois de 1994, quando a taxa de investimento (soma de obras, construções e equipamentos) atingiu o pico de 24% do PIB, teve início uma trajetória declinante, que a derrubou a 17% do PIB, no início de 2003. "A partir do segundo semestre de 2003, a taxa de investimento entrou na rota do crescimento", afirmou o ministro, destacando os 20,4% nos três primeiros meses de 2006.

Para ele, esse desempenho não pode ser atribuído somente ao setor privado, pois os investimentos públicos têm se expandido desde 2004 e contribuído para elevar a taxa total. Para referendar seu raciocínio, Mantega apresentou dados segundo os quais, em 2005, os investimentos do governo federal (governo central mais estatais) teriam atingido 2,33% do PIB, taxa superior ao melhor ano do governo anterior, que foi 2001 (2,28% do PIB). O dado, porém, é controverso (veja ao lado).

Em 2006, o ministro espera que o volume de investimentos federais atinja o maior volume dos últimos anos: 2,5% do PIB. Sem as estatais, os investimentos do governo em 2006, segundo Mantega, vão chegar a R$ 19 bilhões, 80% do previsto no orçamento. Ele não soube explicar, entretanto, como o governo compatibilizaria essa meta com o bloqueio de R$ 14 bilhões no orçamento.

Segundo ele, foi o aumento das receitas tributárias que viabilizou a expansão dos investimentos do governo central, sem comprometer a meta de superávit primário - economia para o pagamento de juros da dívida.

Para negar qualquer motivação eleitoral na convocação da coletiva, Mantega disse que não citaria o nome do presidente que comandava o País e argumentou que não teria outra opção de comparação. "Vou comparar com a Rússia, com a Índia?", questionou, lembrando que citou como o pico de investimento o ano de 1994, quando foi lançado o Plano Real pelo então ministro da Fazenda e futuro presidente, Fernando Henrique Cardoso. "Vocês é que só estão pensando naquilo", disse, em tom de brincadeira, aos jornalistas.