Título: Alckmin, Serra e Aécio lançam nova versão da política do café com leite
Autor: Rodrigo Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/08/2006, Nacional, p. A8

Os tucanos firmaram ontem em São Paulo estratégia conjunta de campanha e de governo em encontro entre o presidenciável Geraldo Alckmin e os candidatos aos governos paulista, José Serra, e mineiro, Aécio Neves. "É o café com leite do século 21", definiu Serra, após reunião de apenas 15 minutos entre os três candidatos no comitê do PSDB, no centro de São Paulo.

Alckmin, Serra e Aécio lançaram cinco propostas para enfrentar problemas na segurança pública e de desenvolvimento, duas delas para promover a integração entre os dois Estados e três com exigências ao governo federal. "Nós estamos selando aqui um pacto claro e definitivo de parceria, parceria durante a caminhada eleitoral, mas sobretudo parceria no futuro, se tivermos a ventura de vencer as eleições", discursou Aécio em uma pequena sala do comitê repleta de repórteres e com alguns correligionários.

Os três criticaram o governo Lula pelo contingenciamento dos Fundos de Segurança e Penitenciário para os Estados e propuseram transferências mensais da verba federal - que chamaram de duodécimo. "Para saber quanto de dinheiro (cada Estado) tem, quando vai chegar o dinheiro e poder trabalhar melhor", explicou Alckmin. "Prioridade sem orçamento e sem dinheiro é discurso."

Outro setor bastante atacado pelos tucanos foi o dos transportes, em especial as estradas federais em Minas e o porto de Santos. "Os Estados têm de assumir a administração para o bem das exportações do País", disse Serra, pedindo a liberação da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) para o investimento e manutenção no setor. "E, finalmente, cerrar fileiras em torno de uma política nacional de desenvolvimento, que o Brasil hoje não tem", continuou o ex-prefeito, que assumiu o papel de porta-voz do encontro. "Uma política descentralizada, com a parceria de Estados e municípios, que senão não funciona."

AFAGOS

Além de palco para o anúncio de propostas conjuntas, o encontro entre os tucanos foi marcado pela constante troca de afagos. Na proposta de integração entre os dois Estados, Serra e Aécio se comprometeram a integrar serviços de inteligência e informação das polícias e promover o intercâmbio de experiências administrativas.

"Dizia ao Geraldo, enquanto ele era governador e agora com o Serra, a mesma coisa. Existem experiências em São Paulo extremamente exitosas. O Poupatempo é uma delas e nós estamos buscando implementar em Minas Gerais", elogiou Aécio.

"Minas teve, sob o comando do Aécio, um interessantíssimo programa de redução de custos e de qualidade da administração", retribuiu Serra.

Após os discursos de unidade, Alckmin foi questionado sobre a boa relação que Aécio tem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu principal adversário na campanha. "A civilidade faz parte", disse Alckmin. "É. Eu sou bem educado", emendou o governador mineiro, que na seqüência pediu aos repórteres: "Divulguem aí. Se vocês querem agradar ao Aécio, votem no Geraldo Alckmin para presidente da República."

Alckmin destacou que se há um Estado em que sua campanha "vai de vento em popa" é Minas Gerais. E disse acreditar em um desempenho ainda melhor na região. "Acho que vai crescer muito, até pela nossa afinidade (com Aécio) e nossa origem mineira", argumentou. Antecedentes do pai de Alckmin são de Baependi (MG).

Após a entrevista, os três tucanos deixaram juntos o prédio do comitê e foram a uma padaria a duas quadras dali, com Aécio ao centro. Lá, pediram café com leite para brindar a expressão cunhada por Serra. "A idéia do café com leite foi minha", disse o ex-prefeito. "Porque eu gosto de café com leite, o Geraldo gosta de café com leite e o Aécio gosta de café com leite."

Um pequeno grupo de militantes tentou, em vão, puxar gritos de campanha durante a curta caminhada. O tumulto dos jornalistas acabou chamando muito mais a atenção de quem via a comitiva passar.