Título: Dividida, UE não pede cessar-fogo imediato
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Fonte: O Estado de São Paulo, 02/08/2006, Internacional, p. A16
Os chanceleres dos 25 membros da União Européia (UE) pediram ontem o "fim imediato das hostilidades" no Líbano em vez de "cessar-fogo imediato". Isto por causa da pressão dos países do bloco que se alinham com a posição americana no conflito, a Grã-Bretanha, Alemanha, República Checa, Dinamarca e Polônia.
Após quatro horas de debate, um comunicado adotado na reunião da UE para discutir a crise diz: "O conselho pede o fim imediato das hostilidades seguido de um cessar-fogo sustentável." O esboço inicial proposto pelo presidente da UE, o finlandês Erkki Tuomioja, especificava claramente a exigência de "cessar-fogo imediato". Como as decisões em política externa requerem unanimidade, prevaleceu a posição britânica, com o apoio de alguns países.
O termo "cessar-fogo sustentável" tem sido usado desde o início do conflito pelos EUA, que apóiam a estratégia de Israel de continuar com os bombardeios e expandir a invasão terrestre do Líbano, com a finalidade de causar grandes danos à infra-estrutura do Hezbollah.
Pouco depois, a chanceler britânica, Margaret Beckett, insistiu que o comunicado da UE não significa que o bloco esteja dando luz verde para Israel continuar com sua campanha militar no Líbano. Tuomioja negou que o bloco esteja dividido sobre a questão e insistiu que o significado é o mesmo. Ele afirmou ainda que a decisão de Israel de intensificar os ataques é inaceitável, tem pouca chance de obter o resultado esperado e só vai dar combustível para os extremistas no Oriente Médio.
O chanceler francês, Pilippe Douste-Blazy, destacou que o esboço de resolução enviado por seu país ao Conselho de Segurança da ONU estabelece as bases um cessar-fogo permanente e o envio de uma força internacional à região. "Uma vez que essas bases estejam estabelecidas, membros do bloco indicaram estar prontos a contribuir", disseram os ministros. França, Itália, Polônia, Finlândia, Suécia e Espanha analisam a possibilidade de enviar tropas para o Líbano.