Título: Preço favorável sustenta alta das exportações
Autor: Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/08/2006, Economia, p. B3

Apesar dos vários recordes da balança comercial de julho, muitos economistas ainda não vão revisar para cima suas previsões. "O resultado foi uma grande surpresa, principalmente o crescimento da exportação de produtos básicos, mas ainda acho que houve grande influência do fim da greve da Receita Federal", disse Guilherme Maia, economista da Tendências Consultoria Integrada. A consultoria projeta um saldo comercial de US$ 43,1 bilhões neste ano - alto comparado ao restante do mercado - e ainda não vai rever sua projeção.

Apesar de parecer imune à valorização do real, a balança comercial está, sim, sentindo os efeitos do dólar baixo, diz Maia. Em quantidade, o crescimento das exportações vem desacelerando nos últimos meses. Mas, como os preços continuam muito altos, eles estão encobrindo essa desaceleração, diz Maia. "Existe um efeito dólar, mas ele é lento, porque as exportações estão mais sensíveis ao crescimento da demanda mundial e aos altos preços."

O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto Castro, também se surpreendeu com a balança de julho. "Por mais otimistas que fossem as projeções, não se poderiam prever os números de agora", disse. Segundo ele, basicamente três commodities garantiram esse resultado: o petróleo, o minério e a soja. O petróleo, por conta do preço elevado e do aumento da demanda por parte da China; o minério, devido ao recente aumento do preço no mercado internacional e atraso de embarque que ocorreu no porto de Itaqui, em São Luis do Maranhão; e a soja, por ser o período auge dos embarques da commodity.

A AEB, segundo Castro, não deve rever suas projeções por conta do resultado de julho, uma vez que a última revisão foi feita na semana passada.