Título: Até Furlan se surpreendeu
Autor: Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/08/2006, Economia, p. B3

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, disse ontem, na abertura do Congresso Brasileiro de Agribusiness, em São Paulo, que o resultado da balança surpreendeu e a avaliação é de que houve uma compensação nos últimos três meses. "Isso nos coloca em uma situação bastante confortável em relação à meta do ano, que é de US$ 132 bilhões para as exportações." No acumulado dos 12 meses até julho foram exportados US$ 129 bilhões.

O ministro disse que há forte influência de alguns produtos, como petróleo e derivados, que devem ter superávit de US$ 3 bilhões, e produtos agrícolas. "Avaliei dados de exportação que mostraram o excelente desempenho do setor entre janeiro e julho, especialmente açúcar, álcool e café. Mas, ao mesmo tempo, revelam a forte perda de rentabilidade entre grãos e oleaginosas", disse Furlan.

Mesmo diante da crise do agronegócio brasileiro e os "tributos de primeiro mundo", as exportações são recordes. Furlan destacou o álcool. "Foram exportados no mês passado mais de 500 milhões de litros de etanol. O volume é 100% maior que o registrado no mesmo mês do ano passado", afirmou.

"A soja bateu o recorde de exportações em julho, mas farelo e óleo vêm puxando para baixo. Isso mostra que há um nível menor de processamento no mercado interno." Para o ministro, o agronegócio brasileiro vive um paradoxo porque tem imagem altamente competitiva em todo o mundo, além de ser protagonista nas negociações internacionais, mas vive uma forte crise, com perda de rentabilidade desde o ano passado.

O ministro criticou a lentidão das discussões na Comissão de Biotecnologia. "O desenvolvimento e o progresso tecnológico não vão esperar as decisões burocráticas do governo." Segundo Furlan, as discussões sobre o tema são dominadas pela conotação política e ideológica.

O ministro da Agricultura, Luis Carlos Guedes Pinto, disse que amanhã haverá uma reunião entre os ministérios com representantes na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, para discutir os principais pontos. O ministro também diz que as discussões permanecem no âmbito ideológico.

Para o presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, Abelardo Lupion, é fundamental o setor apresentar suas demandas aos candidatos à presidência. "São mudanças de itens que podem tornar o país mais competitivo."