Título: Balança tem julho de recordes
Autor: Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/08/2006, Economia, p. B3

A balança comercial brasileira bateu novos recordes em julho. O saldo comercial atingiu US$ 5,638 bilhões, resultado de exportações de US$ 13,622 bilhões e importações de US$ 7,984 bilhões. Também foi a primeira vez que a média diária das vendas externas ultrapassou a marca dos US$ 600 milhões, atingindo US$ 648,7 milhões. A média diária das importações registrou a cifra inédita de US$ 380,2 milhões.

Com o resultado de julho, o superávit comercial do País soma US$ 25,170 bilhões no ano. As exportações totalizam US$ 74,522 bilhões e as importações, US$ 49,352 bilhões.

No acumulado dos últimos 12 meses, encerrados em julho, o saldo é de US$ 45,228 bilhões, US$ 512 milhões a mais que o registrado em 2005. As vendas externas totalizaram no período US$ 128,091 bilhões e as importações, US$ 82,863 bilhões.

Todos os valores também são recordes históricos. A tendência de crescimento maior das importações foi mantida no mês. A média diária das compras do Brasil no exterior teve alta de 31,8% em comparação com a de julho de 2005, enquanto a das exportações mostrou expansão de 23,1% no mesmo período.

O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Meziat, afirmou que as exportações e importações "sacramentaram" um novo patamar no mês de julho.

Segundo ele, as exportações brasileiras não devem mais registrar números abaixo de US$ 10 bilhões por mês, com média diária superior a US$ 500 milhões. Para fechar a meta de US$ 132 bilhões para este ano, Meziat calcula que a média das exportações de agosto a dezembro será em torno de US$ 11,5 bilhões, enquanto as importações se consolidaram em um patamar acima de US$ 7 bilhões.

GREVE O resultado de julho não pode ser analisado de forma isolada, na avaliação do secretário, porque reflete dois meses de represamento dos dados do comércio exterior, por causa da greve dos auditores da Receita Federal. "Os números talvez não fossem tão expressivos se não houvesse a greve, mas, possivelmente, seriam recordes", disse Meziat.

Ele acredita que o resultado do trimestre de maio a julho reflete melhor o desempenho da balança, quando a média diária das exportações somou US$ 553,4 milhões e a das importações, US$ 353,26 milhões, um crescimento de 13,8% e de 21,4%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano passado. "A tendência é de normalização, mas certamente a média diária das exportações não ficará nesse patamar de US$ 630 milhões", afirmou o secretário.

Meziat garantiu que o Ministério do Desenvolvimento não vai rever a meta de US$ 132 bilhões para as exportações e mantém a estimativa de um superávit comercial perto dos US$ 40 bilhões. "Esse campeonato das exportações já acabou. O superávit vai depender do comportamento das importações."

Segundo ele, embora alguns setores sejam prejudicados, o câmbio ainda não afetou o desempenho global das exportações do País. O secretário não descartou a possibilidade de um impacto do câmbio "no futuro" e, por isso mesmo, o governo adotou medidas que favorecem o setor.

O câmbio, no entanto, provocou a saída de exportadores do mercado no primeiro semestre do ano. Segundo os dados da Secretaria de Comércio Exterior, caiu de 14.942 o total de empresas exportadoras no primeiro semestre de 2005 para 13.786 no mesmo período deste ano.

Meziat acredita, no entanto, que o movimento é um ajuste momentâneo e afetou, principalmente, pequenas e médias empresas, sem tradição em exportar. "Não temos essa conclusão de que o processo de incremento da base exportadora tenha parado", afirmou o secretário.