Título: Reservas chegam a US$ 66,8 bi em julho
Autor: Fabio Graner
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/08/2006, Economia, p. B4

Impulsionadas pelas fortes compras do Banco Central (BC)no mês passado, as reservas internacionais brasileiras deram um salto e subiram US$ 4,1 bilhões em julho. De acordo com os dados disponibilizados pelo BC na internet, as reservas passaram de US$ 62,670 bilhões em 30 de junho para US$ 66,819 bilhões na segunda-feira, dia 31 de julho. O ritmo de crescimento das reservas em julho, mês em que o BC só não fez compras no dia 5, foi bem maior do que a média mensal de janeiro a junho - de US$ 1,5 bilhão.

De janeiro a julho, o crescimento das reservas foi de US$ 13 bilhões, montante que seria quase duas vezes maior se não fossem as operações de pagamento antecipado de dívida feitas pelo Tesouro Nacional este ano. As compras de dólares do BC, de acordo com os dados divulgados, somaram no primeiro semestre US$ 14,5 bilhões. Ainda não está disponível o dado oficial sobre o volume de compras em julho.

O operador de câmbio da Renascença DTVM, José Carlos Amado, estima que as compras de dólares realizadas pelo BC em julho somaram cerca de US$ 5 bilhões. Ele explica que as aquisições da autoridade monetária começaram o mês passado em um ritmo mais fraco e se intensificaram a partir de meados do mês.

Segundo o operador, um dos fatores que permitiram o aumento nas compras de dólares pelo BC foi a melhora da confiança dos investidores, que em junho assumiram posições defensivas em dólar em razão das incertezas envolvendo a economia norte-americana e mundial. Assim, os bancos reduziram de US$ 4,4 bilhões em junho para US$ 2,65 bilhões, no dia 19 de julho, a posição comprada dos bancos, que reflete a aposta na alta do dólar.

Amado avalia que o BC deve manter o ritmo de compras verificado em julho. Isso porque, segundo ele, há expectativa de continuidade de fluxo positivo de dólares e o governo tem mostrado disposição de manter a cotação do dólar pelo menos na faixa atual de R$ 2,20, de modo a evitar um crescimento das reclamações dos exportadores.

Para o professor de economia da PUC de São Paulo e especialista em setor externo, Antônio Corrêa de Lacerda, é importante que as reservas continuem crescendo no atual ritmo. Ele lembra que os países em desenvolvimento com melhores resultados econômicos atualmente são os que têm volumes elevados de reservas. A Coréia, por exemplo, tem US$ 217 bilhões, a Rússia, US$ 206 bilhões, a Índia US$ 145 bilhões e a China, mais de US$ 800 bilhões.