Título: Israel bombardeia torres de TV
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Fonte: O Estado de São Paulo, 23/07/2006, Internacional, p. A18

A aviação israelense bombardeou ontem torres de transmissão de TVs no centro e norte do Líbano e tomou o controle de um povoado libanês perto da fronteira de Israel. Também lançou bombas contra áreas ligadas ao Hezbollah em Beirute e Sidon, no sul do país. Pelo menos quatro libaneses morreram e mais de dez ficaram feridos.

O ataque às torres atingiu a principal emissora privada, a LBC, a TV Futuro e a Al-Manar, do grupo xiita libanês Hezbollah, além de várias rádios. Um empregado da LBC morreu e dois franceses que estavam nas imediações ficaram feridos. As transmissões foram afetadas apenas temporariamente. Bombas também danificaram retransmissores da telefonia celular, que deixou de funcionar no norte do país.

Na fronteira, tropas de Israel apoiadas por tanques entraram em confronto com Hezbollah e ocuparam o povoado de Maroun al-Ras, a 8 quilômetros da fronteira, desalojando os militantes do grupo. Também entraram por algumas horas na vila de Marwahin. Os militares deram um ultimato aos moradores que permaneciam em 14 vilas perto da fronteira para abandoná-las até as 18 horas de ontem (meio-dia em Brasília), aparentemente antes de iniciarem bombardeios intensos. Quase todos partiram, mas até a madrugada de hoje (horário local) o Exército não ampliou a ofensiva.

Milhares de pessoas fugiram para o norte e a estimativa é que 500 mil deixaram suas cidades, principalmente no sul.

Centenas de soldados já vinham realizando há dias incursões temporárias em território libanês na semana passada para destruir armas e bases de lançamento de foguetes.

Ontem, o Hezbollah disparou mais de 130 projéteis contra cidades em Israel, ferindo 16 pessoas. A aviação e a artilharia israelense bombardearam mais de 150 alvos no Líbano, incluindo bases do Hezbollah, pontes, as torres de comunicações e 12 estradas de ligação com a Síria.

¿Isto é parte do esforço especificamente ao longo da fronteira para destruir todos os equipamentos e infra-estrutura do Hezbollah¿, disse o capitão Jacob Dallal. Embora tenha convocado milhares de reservistas, o comando militar israelense diz que a ¿dimensão e intensidade¿ das operações pode variar nos próximos dias, mas permanecerão limitadas. A TV CNN diz que foram convocados 6 mil soldados e a Reuters, 3 mil, mas não há um número oficial.

Desde o início do conflito, no dia 12 - quando o Hezbollah invadiu território israelense e capturou dois soldados - morreram 362 libaneses e 34 israelenses. Mais de 1.500 pessoas ficaram feridas. Israel levantou ontem temporariamente o bloqueio dos portos do Líbano para a entrada de navios com alimentos e outros itens essenciais. O intervalo permitirá a remoção de milhares de pessoas. O chefe do setor humanitário da ONU, Jan Egeland, é esperado em Beirute para organizar a ajuda.

O governo do Brasil vai remover mais brasileiros através da Turquia e, pela primeira vez, em vôos saindo de Damasco (ler na página 20).