Título: Para Lembo, só fenômeno tiraria vitória do presidente
Autor: Expedito Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/08/2006, Nacional, p. A6

O governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), disse ontem que a eleição presidencial "caminha para uma definição no primeiro turno" e só um "fator muito especial" poderia mudar o cenário, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na frente nas pesquisas. "Neste momento a situação é grave. Só algo inusitado, iluminado, pode alterar a situação", avaliou. "Espero que aconteça algo inusitado. Se não acontecer, está decidido no primeiro turno (a vitória) de Lula. Teria de acontecer coisas novas lá e aqui."

Apesar disso, Lembo acredita que o tucano Geraldo Alckmin, pode mudar o quadro com o endurecimento do discurso e ataques fortes a Lula. Ele foi vice de Alckmin até sua saída para disputar a Presidência. "Se o governador Alckmin for mais agressivo, firmemente - não (falar) tolice ou palavras de baixo calão -, colocar pessoas de boa capacidade verbal nos programas de rádio e TV, ele pode alterar", disse. "Agora, é preciso fazer isso logo. Falta um mês, porque no dia 27 ou 28 de setembro pára a campanha eleitoral. É realismo."

Na entrevista ao Estado, no Palácio dos Bandeirantes, Lembo garantiu que não "lulou" e não crê que seja desleal ao comentar que considera iminente a derrota do candidato de sua coligação. "Ao contrário. Todo o secretariado que está aí, o meu secretariado, é secretário do Geraldo. Se eu tivesse 'lulado', teria colocado os amigos do Lula. Tem o Saulo, que me parece bastante amigo do Geraldo", argumentou. "Analisar a realidade friamente não é demonstração de deslealdade ou loucura. Acho que você ser real, veraz, é importante. Eu não vou mentir para a sociedade que lê todas as pesquisas. Eu também leio."

Ele afirmou ainda que muitos políticos brasileiros se encastelam em sonhos e acreditam que tudo podem, mas não citou nomes. "O político brasileiro tem uma carga de esquizofrenia. Cria um castelinho e acha que ele é verdadeiro. A gente tem de ser realista em política, em tudo."

RESPOSTA Em Rio Branco, Alckmin, reagiu com otimismo à avaliação pessimista de Lembo. "Escreva isso: vai haver segundo turno e eu vou vencer esta eleição", declarou.

O tucano contou que, se acreditasse em pesquisas feitas a 40 dias da eleição, não teria se tornado governador de São Paulo em 2004. Lembrou que, naquele ano, quando faltavam 40 dias para a votação, Paulo Maluf (PP) tinha 43% da preferência e ele, Alckmin, pouco mais de 20%.