Título: União Européia enviará ao Líbano a maior força de paz da sua história
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Fonte: O Estado de São Paulo, 26/08/2006, Internacional, p. A21

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, anunciou ontem que países da União Européia (UE) concordaram em fornecer metade dos soldados para a força de pacificação do Líbano. Ao todo, cerca de 7 mil soldados irão para o Oriente Médio no que será a maior operação militar de toda a história do bloco. Annan disse esperar que parte da força de 15 mil homens seja enviada em dias, não semanas, para policiar a frágil trégua entre Israel e o Hezbollah. As tropas da ONU terão o apoio de 15 mil homens do Exército libanês.

"A Europa está fornecendo a coluna vertebral da força", disse Annan após uma reunião com chanceleres da UE. Ele acrescentou que tinha "firme compromisso" de Malásia, Indonésia e Bangladesh. Israel, no entanto, manifestou sua preocupação sobre contingentes de países muçulmanos com os quais não tem relações.

O número exato de soldados europeus ainda é incerto. O chanceler francês, Philippe Douste-Blazy, disse que a contribuição total da Europa será entre 6.500 e 7.000 soldados. Mas o chanceler irlandês, Dermont Ahern, declarou que ela poderá chegar a 8.000 ou 9.000 homens. Annan disse que pediu à França, que contribuirá com 2 mil soldados, para continuar a liderar a Finul até fevereiro de 2007. A liderança será então transferida à Itália, que prometeu enviar até 3 mil soldados.

Ainda ontem, o primeiro-ministro da Itália, Romano Prodi, anunciou que as tropas italianas poderão partir para o Líbano na terça-feira. Mas o presidente francês, Jacques Chirac, cujos diplomatas ajudaram a criar o projeto de resolução que resultou no cessar-fogo, disse ontem que 15 mil soldados estrangeiros era um número "completamente excessivo". "Não faz sentido. Então qual o número certo, 4 mil, 5 mil ou 6 mil? Não sei", disse.

Em recentes negociações, comandantes das forças terrestres aparentemente obtiveram um crucial grau de autonomia para decidir que curso tomar. E ontem Annan deixou claro que as tropas não se envolverão no desarme do Hezbollah e que isso não será feito à força.