Título: País mantém controle sobre trigo argentino
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/08/2006, Economia, p. B14

O Brasil vai manter o controle para a entrada da pré-mistura de farinha de trigo argentina. Este foi o recado dado ontem por técnicos do governo ao secretário de Indústria e Comércio da Argentina, Miguel Peirano, durante reunião em Brasília. A Receita Federal, no entanto, prometeu agilizar a liberação do produto na aduana.

Atualmente, as importações da mercadoria passam por uma análise laboratorial para confirmar a autenticidade da declaração. As indústrias argentinas, para pagar menos imposto de exportação, estão enviando ao Brasil a farinha de trigo pura com a classificação de pré-mistura. Nesta semana, o Laboratório de Análise Aduaneira (Labana) de Santos informou que oito amostras colhidas de caminhões da Argentina eram farinha de trigo e não pré-mistura como havia sido declarado.

"A Receita informou que não pode suspender a norma, mas se colocou à disposição para em uma reunião, na próxima semana, com o governo e os produtores argentinos, tirar qualquer dúvida em relação ao processo de classificação da pré-mistura e da farinha de trigo pura", informou o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ivan Ramalho.

Segundo ele, a Receita concordou em aumentar o número de laboratórios credenciados para fazer a análise do produto. Hoje, somente o laboratório em Santos realiza o procedimento. O secretário argentino não quis comentar o resultado da reunião.

Também esteve na pauta do encontro, a proposta da Argentina para impor novamente cotas aos calçados e aos produtos da linha branca exportados pelo Brasil. Ramalho disse que nesses dois pontos não houve conclusão e que os setores privados dos dois países voltarão a se reunir no fim de setembro.

O secretário-executivo antecipou que o governo e os empresários brasileiros não vêem sentido na colocação de cotas para as exportações brasileiras. Ele explicou que no período em que o Brasil aceitou a restrição voluntária nesses dois setores as importações argentinas de outros países aumentaram.