Título: Contra apagão, gasto de R$ 13 bi
Autor: Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/08/2006, Economia, p. B18

A rede elétrica vai precisar de investimentos de R$ 13,8 bilhões entre 2007 e 2009 para evitar o risco de colapsos localizados no fornecimento de energia. A conclusão é do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que lançou em junho o Programa de Ampliação de Reforços da Rede Básica de Energia (PAR) para os próximos três anos. Parte das obras já está em processo de concessão pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

O PAR propõe medidas para reduzir o risco de apagões, que devem ser tomadas por geradoras, distribuidoras ou licitadas pela Aneel. O objetivo é reforçar a rede, criando alternativas de fornecimento em caso de sobrecarga ou falhas na rede existente, como a queda de uma linha de transmissão.

Problemas como esses foram responsáveis por grandes apagões, como o de janeiro de 2002, que deixou dez Estados sem energia devido a falhas no sistema de proteção da rede elétrica.

Para o período de 2007 a 2009, o ONS sugere a instalação de 12,4 mil quilômetros de linhas e 176 novos transformadores para reforçar as subestações em todo o País.

Do investimento total previsto, R$ 7,6 bilhões serão aplicados em linhas e R$ 6,2 bilhões, na compra e instalação de transformadores. Alguns projetos servirão para preparar a rede para a entrada de novas usinas no Sistema Interligado Nacional.

No Sul, por exemplo, as usinas de Barra Grande e Campos Novos terão problemas para operar a plena capacidade se não houver reforço na subestação Campos Novos, aponta o documento. São mais de 1,5 mil megawatts de potência, que não podem ser gerados em sua totalidade por causa do gargalo no equipamento de transformação da energia. O PAR indica ainda que Mato Grosso está com a capacidade de transmissão esgotada, impedindo o despacho total das usinas da região. O estudo afirma que há 32 subestações com risco de sobrecarga caso não sejam tomadas medidas de reforço.

Entre as capitais brasileiras, nove precisam de obras no sistema de transmissão para que consigam passar sem traumas pela queda de uma linha, o chamado N-1. Ou seja, o fornecimento é mantido com uma linha a menos em operação. Outras capitais, principalmente no Norte e Nordeste, suportam o N-1 no caso da transmissão, mas precisam de reforço em subestações para passar sem problemas por defeitos em transformadores.