Título: Telefônica quer banda larga sem fio
Autor: Graziella Valenti
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/08/2006, Economia, p. B25

O presidente do Grupo Telefônica no Brasil, Fernando Xavier Ferreira, defende o leilão das freqüências para banda larga sem fio, com tecnologia WiMax, para todos os participantes do mercado. ¿Em nenhum outro lugar do mundo onde este processo já ocorreu as concessionárias tiveram que ficar de fora¿, afirmou o executivo, em entrevista ao Estado.

Pelas regras estabelecidas pela Anatel, a Telefônica, aTelemar e a Brasil Telecom não podem adquirir frequências para a sua área de concessão, somente fora de suas regiões. No entanto, as companhias não concordaram com essa restrição e solicitaram a modificação das condições, não tendo sido atendidas pela agência reguladora.

O presidente da Telefônica afirma que nenhuma das operadoras solicitou o envolvimento do Ministério das Comunicações nesse assunto. Segundo ele, foi por livre iniciativa que Hélio Costa entrou no debate e o próprio ministro abriu as portas às companhias para discutir a questão. O ministro pretende interferir no entendimento da Anatel e já possuiria, inclusive, uma portaria para adiar a licitação, prevista para 18 de setembro. O questionamento está provocando amplo debate sobre a intervenção do ministério no órgão regulador. Xavier não quis se pronunciar sobre o assunto.

Segundo o executivo, o objetivo da empresa não é proteger seu mercado do aumento da concorrência em banda larga, como acredita parte do setor. Com essa tecnologia, a Telefônica poderia tornar viável a oferta do serviço em áreas mais remotas que hoje não têm essa alternativa. A implantação aérea é substancialmente mais viável e menos custosa do que por meio terrestre - fios e fibras. ¿Para nós, esse leilão é importante e temos interesses. Não se garante competição por simples protecionismo. Não podemos abdicar de defender uma concorrência saudável.¿

Além disso, ele diz que a concessionária, como uma sociedade cujos bens são reversíveis à União, precisa ser vista como instrumento para promover o bem-estar social. ¿Você não pode nunca inviabilizar este instrumento. Ele tem de estar sempre saudável e garantir os serviços à enorme parcela da população que é atendida por força das regras de universalização.¿ Na opinião do executivo, se a intenção da Anatel é garantir a capacidade competitiva de novos concorrentes, a agência tem condições de atingir essa meta sem impedir a participação das operadoras locais.

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