Título: Escolha política, Pizzolato levou BB a gastar R$ 70 mil em evento do PT
Autor: Leonencio Nossa, Gustavo Freire
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/08/2006, Nacional, p. A4

Ao contrário do que disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem, o Palácio do Planalto utilizou-se de indicações políticas para ocupar cargos de destaque dentro do Banco do Brasil. Uma dessas nomeações, por sinal, gerou um caso rumoroso envolvendo favorecimento ao partido do presidente. Henrique Pizzolato, que foi um dos coordenadores financeiros da campanha de Lula à Presidência em 2002, foi nomeado no ano seguinte para a gerência de Marketing do Banco do Brasil. Nessa condição, determinou que o banco comprasse R$ 70 mil em ingressos para um show da dupla sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano.

Detalhe: o evento, que aconteceu em julho de 2004 na churrascaria Porcão, em Brasília, serviria para levantar recursos para a construção da sede do PT. Na ocasião, os diretores do BB foram acusados de improbidade administrativa.

Em agosto, o então presidente do BB, Cássio Casseb, enviou à Comissão de Ética Pública do Congresso esclarecimentos sobre a compra dos ingressos. Em nota, Casseb informou que o BB fortaleceria a política do banco que vedava "o apoio a eventos promocionais que beneficiem partidos políticos". Além disso, Casseb apontou Pizzolato como responsável pela irregularidade e diminuiu o seu poder de decisão sobre patrocínios.

Fernanda Karina Somaggio, a ex-secretária do publicitário Marcos Valério, um dos envolvidos no mensalão, disse à CPI dos Correios em 2005 que Pizzolato fazia parte dos contatos do empresário no governo. O BB manteria contrato de publicidade com a DNA Propaganda, agência de Valério. Após o episódio, em julho de 2005, Pizzolato, que teria recebido R$ 326,6 mil de uma conta da DNA Propaganda no Banco Rural em 2004, pediu aposentadoria.

SINDICALISTAS As ligações de Pizzolato com o PT remontam ao tempo em que era líder sindical. Ele foi presidente do Sindicato dos Bancários de Toledo (PR) e presidente da CUT no Paraná.

Em 1992, foi eleito representante dos funcionários do BB na direção, o que lhe dava assento no Conselho de Administração.