Título: Oposição acusa Okamotto no MP
Autor: Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/08/2006, Nacional, p. A6
Os três partidos que apóiam a candidatura do tucano Geraldo Alckmin - PSDB, PFL e PPS - protocolam hoje no Ministério Público representação por crime de perjúrio contra o presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamotto. Se a ação for aceita, a oposição pretende renovar pedido da quebra de seu sigilo bancário, negado pelo Supremo Tribunal Federal durante a CPI dos Bingos. Outra frente de ataque é chamá-lo para depor na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
A ofensiva foi anunciada na tribuna do Senado pelo presidente nacional do PSDB, Tasso Jereissati (CE). A intenção é confrontar as versões de Okamotto e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o pagamento de dívida de R$ 29,4 mil do petista pelo presidente do Sebrae. "Ou ele vai desmentir o que o presidente Lula disse ou será preso", afirmou Tasso. "Se fosse nos Estados Unidos, já era motivo para pedido imediato de impeachment", emendou.
À CPI dos Bingos, em novembro, Okamotto assumiu a autoria do pagamento do débito de Lula com o PT e disse que o presidente de nada sabia. Afirmou ainda, sob juramento, que pagara com dinheiro de sua conta. Porém, em entrevista ao Jornal Nacional, da Globo, Lula contou que transferiu a Okamotto a decisão de quitar a dívida, levando a oposição a desconfiar de que o presidente sabia, sim, do débito. "Não tenho nada com isso, não vou pagar", defendeu-se Lula no programa.
A oposição suspeita que Okamotto era o "caixa-forte" da campanha de Lula. Para José Jorge (PFL-PE), vice na chapa de Alckmin, ninguém sabe de onde veio o dinheiro para pagar a dívida. "Hoje, ele (Okamotto) tem um ótimo salário, mas na época não tinha", acusou. Presidente da CCJ, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) concordou em convocá-lo.
Para o presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), a convocação é eleitoreira. "A oposição tenta derradeiras manobras para tentar convencer a opinião pública daquilo que a opinião pública nunca se convenceu: de que houve processo de corrupção envolvendo o presidente Lula e pessoas de sua relação política e pessoal", afirmou.