Título: Candidato defende fim do voto obrigatório
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Fonte: O Estado de São Paulo, 17/08/2006, Nacional, p. A11

O candidato Geraldo Alckmin, que prega a reforma política como prioridade para o próximo governo, defendeu ontem o fim do voto obrigatório. Para ele, o direito de votar deve ser exercido de forma facultativa. "Eu sou favorável (ao voto não-obrigatório), afirmou ontem no Eleições 2006 no Estadão. "Ele já é facultativo para quem tem de 16 a 18 anos, já é facultativo para as pessoas de mais idade. Não vejo razão para ter voto obrigatório."

Nessa reforma, porém, o parlamentarista Alckmin admite que não será possível tratar de regime de governo. "Primeiro nós temos de ter fidelidade partidária, cláusula de desempenho, partidos políticos consolidados para, aí sim, avançarmos para o parlamentarismo."

O tucano chamou para si a responsabilidade por seu desempenho nas urnas no dia 1º de outubro. Segundo ele, a vitória ou a derrota dependem do candidato, e não do partido ou de apoios. "Não me iludo. Eleição depende do candidato. Por mais que os companheiros façam esforço, se você não convencer, não criar empatia, você não chega lá", afirmou. "Se o Geraldo Alckmin não se eleger, a responsabilidade é minha."

Ele admitiu, contudo, que esperava maior empenho de companheiros na a campanha. "Não me preocupa tanto (a falta de engajamento). É claro que se tiver uma solidariedade maior as coisas caminham um pouco mais depressa", afirmou. Ontem, no auditório do Estado, apenas o coordenador do programa de governo de Alckmin, João Carlos Meirelles, acompanhou a entrevista.

Em mais de duas horas de sabatina, o candidato negou a existência de acordo político com os candidatos do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, e de Minas, Aécio Neves, para acabar com o instituto da reeleição. Serra e Aécio são os nomes mais cotados no partido para a disputa presidencial de 2010.

No entanto, Alckmin disse que, se a emenda constitucional que introduziu a possibilidade de o governante disputar um segundo mandato consecutivo não for regulamentada, vai trabalhar para "ajudar a acabar com a reeleição". "Temos visto abusos flagrantes, utilização da máquina pública", anotou.

O tucano ressaltou não ser contrário à reeleição, mas sem citar o nome de seu principal adversário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou não ver razão para que ele se mantenha no Planalto por mais quatro anos. "Eu não vejo razão para um segundo mandato com uma força política reduzida à metade. Vai ser o governo do Ney Suassuna (PMDB-PB), do Jader Barbalho (PMDB-PA), do Newton Cardoso (PMDB-MG). Onde é que está a base de sustentação desse governo?"