Título: Serra culpa migração por ensino ruim em SP
Autor: Silvia Amorim
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/08/2006, Nacional, p. A12
O candidato do PSDB ao governo paulista, José Serra, culpou ontem a migração pela baixa qualidade do ensino nas escolas públicas de São Paulo. "Diferentemente dos Estados do Sul , que são os que têm melhor situação (nas provas de avaliação do ensino), São Paulo tem muita migração. Muita gente que continua chegando. Este é um problema", afirmou o ex-prefeito em entrevista pela manhã ao jornal SPTV, da Rede Globo.
Serra deu a justificativa quando perguntado sobre o péssimo desempenho da capital nas avaliações do Ministério da Educação. O exame Prova Brasil, que avaliou 3,3 milhões de alunos no País, revelou neste ano que, das 27 capitais, São Paulo não foi listada entre as 10 melhores e acabou ultrapassada por Brasília, Rio de Janeiro, Aracaju e Rio Branco. Outro dado assustador é que, entre as 645 cidades paulistas, os alunos da 4ª série da capital aparecem em 448º lugar em português.
Mais tarde, em visita ao município de Guarulhos, na Grande São Paulo, Serra explicou com mais detalhes a influência da migração na educação. Segundo ele, devido ao grande fluxo de migrantes, a preocupação maior nos últimos anos foi com a ampliação da rede, deixando a questão da qualidade para segundo plano. "São Paulo é um Estado muito dinâmico de migração de outros Estados para cá e dentro do Estado. E isso ampliou muito as exigências do ensino na quantidade e acabou concentrando mais o esforço na expansão. Agora é a hora de enfatizar a qualidade. Foi o que quis enfatizar."
O ex-prefeito negou qualquer julgamento racista em sua colocação. "Não tem nenhuma outra implicação."
Para reverter esse quadro, o candidato promete colocar dois professores nas salas de 1º ano do ensino fundamental, projeto que implementou na Prefeitura.
COBRANÇA Ainda no SPTV, Serra desconversou quando perguntado se cumprirá o mandato até o fim. À tarde, ele classificou a discussão como sem sentido. "Nem fui eleito. Ficar especulando o que eu vou fazer no final do meu mandato não faz sentido."