Título: Dívida interna diminui R$ 2 bi
Autor: Fabio Graner, Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/08/2006, Economia, p. B6

Apesar do pagamento de R$ 11,7 bilhões em juros com a emissão de novos papéis, a dívida interna pública em títulos federais caiu 0,21% em julho, para R$ 1,014 trilhão. Era de R$ 1,016 trilhão em junho. O fator determinante da queda foi o resgate líquido (vencimentos acima dos lançamentos) de R$ 13,85 bilhões em julho.

Segundo o coordenador de operações da dívida pública do Tesouro Nacional, Manuel Augusto Silva, o resgate foi elevado por causa da concentração de vencimentos de títulos com rentabilidade prefixada, normal em julho.

Esse movimento também contribuiu para reduzir a parcela dos prefixados no total da dívida, de 31,45% para 30,36%. Já a participação do títulos pós-fixados (vinculados à taxa Selic) cresceu de 46,25% para 46,95% de junho para julho. Mas isso deverá ser revertido nos próximos meses, segundo Silva.

Ele explicou que em agosto e setembro, as emissões de papéis prefixados deverão superar os vencimentos, mantendo a trajetória de elevação da parcela desses títulos no estoque da dívida, conforme a política adotada pelo governo.

Silva destacou que em julho as condições de mercado para financiamento do Tesouro melhoraram muito. "O movimento de recuperação observado em junho foi ampliado de forma consistente em julho", disse.

"Apesar das incertezas no mercado externo, os indicadores positivos no mercado doméstico - inflação baixa, contas externas positivas e melhora no risco do País - levaram à redução dos juros (do mercado) e tornaram o ambiente mais favorável à gestão da dívida pública."

Segundo o coordenador, as incertezas em relação à economia americana continuam, embora o mercado trabalhe com expectativas mais positivas. "Mas não podemos afirmar com certeza que esse cenário veio para ficar", ponderou. A recuperação da confiança dos investidores, segundo Silva, ficou evidente no aumento da procura por títulos vinculados à inflação (NTN-B), preferidos pelos estrangeiros.

Sem dar valores, Silva destacou o fato de o tesouro ter voltado leiloar NTN-Bs em junho. Mas, dos R$ 500 milhões oferecidos, só R$ 376 milhões foram vendidos. Em julho, houve a colocação integral de R$ 1,4 bilhão. Apesar disso, a participação dos papéis indexados a índices de preços no total da dívida ficou praticamente inalterada no período, em 21,91%. Do total da dívida, os estrangeiros detinham R$ 23 bilhões em junho, ante R$ 22 bilhões em maio.

Todos os indicadores da dívida interna estão dentro da banda definida no Plano Anual de Financiamento (PAF), que estabelece as referências de ação do Tesouro na gestão da dívida. A exceção tem sido o porcentual de títulos a vencer em até 12 meses. Em julho, esse grupo de papéis atingiu 41,20% da dívida, ante 41,13% em junho.

O PAF prevê que no fim do ano a parcela a vencer em 12 meses fique entre 31% e 36% do total da dívida.