Título: 'Até a velhinha de Taubaté sabia do mensalão, mas Lula ficou calado'
Autor: Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/08/2006, Nacional, p. A8

O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, provocou ontem seu principal adversário, dizendo que "até a velhinha de Taubaté sabia do mensalão e dos desvios de conduta de ministros, mas o presidente Lula preferiu ficar calado e dizer que não tinha conhecimento de nada". Faz exatamente um ano que a velhinha - personagem criada pelo escritor Luis Fernando Verissimo representando a última cidadã a acreditar no governo - foi declarada morta por seu criador.

"A corrupção é generalizada e o presidente sabia de tudo. Temos aí deputados mensaleiros que são candidatos. Essas coisas precisam mudar, para que o Brasil possa progredir", disse Alckmin à tarde, no aeroporto de Porto Velho, onde foi recebido pelo ex-ministro da Previdência Amir Lando (PMDB), candidato ao governo de Rondônia, e cerca de 300 cabos eleitorais.

Antes de visitar a capital de Rondônia, Alckmin havia feito campanha em Rio Branco, no Acre. Animado com o empenho dos aliados do PPS, PSDB e PFL em pedir votos no Estado, tanto nas ruas quanto no programa eleitoral de rádio e TV, o tucano esbanjou otimismo. "Depois desta recepção calorosa, não tenho dúvida de que aqui começou a grande virada", afirmou, no encerramento de um comício para cerca de 600 pessoas, no centro da capital. "Vamos à luta e à vitória para mudar o Acre e o Brasil."

"Vocês sabem o que quer dizer PT?", indagou o presidenciável à platéia, discursando num palanque improvisado na carroceria de um caminhão. "Significa Partido Triste, porque amedronta as pessoas e tira a esperança do povo", respondeu. O ex-governador paulista avaliou que o jovem de hoje tem medo do futuro e o povo está desencantado com "um novo escândalo de corrupção a cada dia".

Alckmin seguiu o mesmo mote do discurso feito minutos antes pelo candidato do PPS ao governo do Acre, Márcio Bittar. "Alckmin será eleito presidente para moralizar o País e acabar com essa corrupção imunda no Brasil e no Acre", disse o aliado.

No anúncio da chegada da dupla ao palanque, o locutor do comício saudou a multidão com provocações ao PT do governador Jorge Viana. "Na campanha do lado de lá, convocam as secretarias de Estado para organizar e fazem até chamada, mas o Brasil precisa de mudanças e o voto é secreto", afirmou.

SANTOS

Com relógio marcando duas horas a menos que em Brasília por causa do fuso horário, Alckmin teve de começar a campanha mais cedo para chegar a Rondônia no começo da tarde. Levantou-se às 6 horas e às 7 horas já caminhava pelo calçadão da Praça do Passeio, em Rio Branco, pela feira livre da cidade e pelo comércio das ruas do centro.

Depois de um cafezinho na barraca de um ambulante, entrou numa loja de roupas populares e, entre abraços e declarações de votos das vendedoras, acabou comprando uma camiseta com o escudo do Santos, seu time de futebol. Pagou R$ 40 e não se esqueceu de cobrar a nota fiscal do produto.

Foi uma hora e meia de muito aperto de mão e calor. No meio do caminho até o palanque, Alckmin foi recebido por um apitaço dos militantes do PPS, que agitavam bandeiras com seu nome. "O balanço da visita é muito positivo, sinto que a campanha está esquentando", agradeceu o tucano, com a camisa molhada de suor, se despedindo dos aliados já no aeroporto de Rio Branco.