Título: Ao estilo Jânio, Heloísa Helena varre calçada
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/08/2006, Nacional, p. A11

A candidata do PSOL à Presidência, senadora Heloísa Helena (AL), fez campanha ontem ao melhor estilo de Jânio Quadros, que adotou uma vassoura como marca na campanha de 1960, que o levou ao Planalto. Antes de uma curta caminhada pelo centro de Taguatinga, cidade-satélite a 20 quilômetros de Brasília, ela lavou e varreu um trecho de calçada, num gesto simbólico contra a corrupção.

Só mulheres pegaram nos cabos das vassouras. Entre elas estavam as deputadas Maria José Maninha (DF) e Luciana Genro (RS), que tentam a reeleição.

Em seguida, ao lado de candidatos de sua coligação (PSOL, PSTU e PCB), Heloísa caminhou cerca de 400 metros pela principal avenida comercial de Taguatinga. Fez sucesso. Pôs no colo a pequena Gabriela, de 2 anos, cuja mãe passava por lá, cumprimentou pedestres e vendedores das lojas.

Também foi abordada por Maria Amélia Costa, de 61 anos, que a presenteou com três buquês de girassóis e disse ser louca pela candidata. Maria Amélia prometeu que no dia da eleição estará em Ilhéus (BA), de onde é seu título eleitoral, só para dar seu voto para a senadora.

O pequeno trajeto foi suficiente para mostrar as rusgas que existem entre os partidos que apóiam Heloísa. O PSTU, mais à esquerda que o PSOL, fazia questão de pôr seus integrantes ao lado da senadora, o que motivou protestos. "Ela é uma candidata de massas, deixa ela ficar junto com o povo. É aí que ela mostra o fenômeno que é", reclamava o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).

A passeata foi marcada por ataques ao presidente Lula. "Ô Lula, que papelão; é sanguessuga, é mensalão", gritavam os participantes. Heloísa bateu no governo e em Lula ao responder a pergunta sobre as formas de acabar com a corrupção dos parlamentares. "Infelizmente o Congresso desmoralizado reflete o Executivo desmoralizado. Até porque nenhum parlamentar conseguiria mensalão se não tivesse um governo corrupto para autorizar a liberação de emendas para bandidos."

A senadora acusou Lula de "fazer demagogia" com a crise da segurança em São Paulo, ao propor o envio de tropas do Exército para lá. "O problema da segurança não está restrito a São Paulo, mas ao Brasil", argumentou. Ela disse que o próximo presidente da República tem o dever de liderar um pacto pela segurança e nem Lula nem Geraldo Alckmin (PSDB) têm condição de fazer isso.

PESQUISA

O crescimento de sua candidatura registrado pelas pesquisas deixou Heloísa animada. "Agradeço muito a população. Se cada pessoa que votar em mim conseguir mais dois votos, vamos chegar lá", afirmou.

Ela disse que vai enfrentar uma guerra muito difícil a partir do dia 15, quando começa o programa eleitoral gratuito no rádio e na TV. "Eu tenho 1 minuto e os dois candidatos poderosos têm 18 minutos."

Shopping Estadão