Título: 'Crédito pode chegar a 50% do PIB'
Autor: Ribamar Oliveira
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/08/2006, Economia, p. B8

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, informou ontem que o governo trabalha com a perspectiva de a oferta de crédito para pessoas físicas e jurídicas ser fortemente ampliada nos próximos anos.

O ministro considera possível que, no prazo de quatro anos, o crédito passe dos atuais 33% do Produto Interno Bruto (PIB) para algo em torno de 50% do PIB. "Acho que é um objetivo realizável num país da dimensão do Brasil", afirmou.

Para mostrar que isso é possível, Paulo Bernardo disse que entre 2002 e 2006, o volume de crédito no Brasil passou de 23% do PIB para 33% do PIB. "Foram R$ 220 bilhões a mais de crédito ofertado nesse período, sendo R$ 40 bilhões desse total decorrentes do crédito consignado", destacou o ministro.

O objetivo de expandir a oferta de crédito para 50% do PIB, segundo o ministro, é até modesto quando comparado com outros países. "No Japão, a oferta de crédito é igual a 1,2 vez o PIB; nos Estados Unidos, corresponde ao valor do PIB e no Chile está em torno de 50%", observou.

Bernardo confirmou que o governo estuda novas medidas de estímulo ao crédito, que abrangem a criação do crédito consignado para pequenas e microempresas e para a habitação. Ele negou, no entanto, que as medidas envolvam qualquer tipo de subsídio do Tesouro Nacional.

"Nas reuniões de que participei não se discutiu subsídios", afirmou. "Sabemos também que não se pode reduzir taxas de juros com uma canetada", acrescentou.

PRESSÃO DE LULA O ministro informou que já foram realizadas duas reuniões para discutir as novas medidas com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, ficou encarregado, a pedido do presidente, de dar um formato jurídico a essas medidas.

"As decisões vão na direção de aumentar a oferta do crédito e de reduzir os encargos que incidem sobre as operações", explicou.

Bernardo chamou a atenção para a forte expansão do crédito na área habitacional que está ocorrendo este ano. Segundo o ministro, a Caixa Econômica Federal (CEF) já concedeu financiamentos habitacionais no valor de R$ 7 bilhões e deverá chegar a R$ 19 bilhões até o fim deste ano. Em 2005, os empréstimos habitacionais da CEF ficaram em R$ 10 bilhões, segundo o ministro.