Título: Evo Morales demite presidente da YPFB
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Fonte: O Estado de São Paulo, 29/08/2006, Economia, p. B21

O presidente da Bolívia, Evo Morales, destituiu ontem o principal executivo da companhia petrolífera estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), Jorge Alvarado, acusado de infringir o decreto de nacionalização do setor, além de outros altos funcionários do setor, anunciou a emissora de TV oficial.

O novo presidente da YPFB é Juan Carlos Ortiz, até então vice-presidente de administração, contratos e fiscalização da empresa. Além disso, Morales nomeou o advogado Santiago Berríos como novo superintendente de Hidrocarbonetos, em substituição a Víctor Hugo Sáinz, que apresentou a denúncia contra Alvarado.

Morales também designou Guillermo Aruquipa, um dos assessores da nacionalização, como vice-ministro de Prospecção e Produção do Ministério de Hidrocarbonetos. Foram destituídos ainda o diretor jurídico do organismo regulador, Ramiro Ergueta, e a diretora de análise econômica Tatiana Genucio, que elaboraram o relatório contra Alvarado.

O ex-presidente da YPFB foi acusado de infringir as normas da nacionalização ao assinar um contrato com uma intermediária para exportar petróleo ao Brasil. A companhia petrolífera estatal tem o monopólio da comercialização dos hidrocarbonetos no país.

Morales afirmou acreditar na inocência de Alvarado, e voltou a denunciar uma "conspiração" contra a nacionalização. O presidente culpou a oposição pelo período de incerteza vivido durante o último mês. "O companheiro Alvarado é incorruptível", disse o governante.

A superintendência do setor suspendeu o contrato assinado por Alvarado, que supostamente causaria perdas de cerca de US$ 37 milhões ao Estado. A denúncia, que ainda está sendo investigada pela Procuradoria de La Paz, foi refutada por Alvarado. "As denúncias serão julgadas pelos órgãos competentes", afirmou Morales.

Em sua carta de renúncia, o ex-executivo afirmou que as acusações são "falsas", e culpou a oposição por tentar criar um suposto ato de corrupção na YPFB.

Os novos funcionários tomaram posse diante de Morales, do vice-presidente Álvaro García Linera e do ministro de Hidrocarbonetos, Andrés Soliz Rada, que na semana passada recebeu uma moção de censura da maioria opositora no Senado.

NOVO IMPOSTO

Também ontem, o governo da Bolívia ordenou que as principais empresas estrangeiras de petróleo que operam no país passem a pagar um imposto adicional de 32%. O dinheiro terá como objetivo a capitalização da estatal YPFB. A Petrobrás, a Repsol-YPF e a Total deverão efetuar o primeiro pagamento - em conjunto - até a próxima sexta-feira. O valor estimado é de US$ 30 milhões.