Título: Lula despista atacando, diz Alckmin
Autor: Ricardo Brandt
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/08/2006, Nacional, p. A6
Um dia após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva atacar os tucanos em campanha em São Paulo - Estado governado até este ano pelo PSDB -, o candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB) foi a São Bernardo do Campo - antigo reduto do PT - para dar o troco. Em comício para quase 2 mil pessoas, ele acusou Lula de elevar o tom das críticas a adversários para desviar a atenção do indiciamento do ex-ministro da Saúde Humberto Costa, pela Polícia Federal, e disse que o governo do PT abandonou a agenda de geração de empregos no País.
Ao lado do candidato tucano ao governo do Estado, José Serra, Alckmin ainda defendeu a tese de que é preciso eleger Serra no primeiro turno em São Paulo para que ele o ajude a ser eleito presidente no segundo turno. ¿Ele (Serra) precisa ganhar no primeiro turno para nos ajudar no segundo turno. Esse é o nosso desafio¿, disse o presidenciável.
Alckmin negou aos jornalistas que sua ida a São Bernardo, onde Lula tem um apartamento, tivesse ares de revanche. ¿Não fazemos agenda em função do adversário¿, disse. Em seu discurso, porém, o candidato tucano deixou a defensiva de lado e partiu para o ataque.
Ele alegou que o povo está ¿desapontado¿ com o governo federal e afirmou que o PT hoje é sinônimo do ¿partido da tristeza¿. ¿Essa é a expressão melhor, o povo está triste com o governo brasileiro. Triste pelos escândalos.¿ E completou: ¿Ontem foi mais um (escândalo). Depois dos 40 (denunciados no mensalão), mais um ministro indiciado pela polícia, em mais um caso de desvio de dinheiro público.¿
Apesar de responder aos ataques feitos nos últimos dias por Lula aos governos do PSDB, Alckmin afirmou que a estratégia de seu adversário era a de desviar a atenção dos indiciamentos no caso da máfia dos vampiros - esquema de superfaturamento de hemoderivados no Ministério da Saúde.
¿Tudo isso é para desviar a atenção, porque ontem foi o dia que o seu ministro da saúde foi indiciado pela polícia.¿ E disparou: ¿A saúde no Brasil deu marcha à ré, o saneamento básico não saiu do lugar, o programa de aids piorou, a questão do remédio não avançou e ainda tem dinheiro da saúde sendo desviado. É vampiro, roubo em sangue, compra de ambulância superfaturadas.¿ A metralhadora tucana mirou ainda temas como a geração de emprego e a falta de investimentos. ¿Esse é um governo que não funciona. Não tem uma obra, a não ser tapa-buraco. Os impostos não param de crescer e aquele que prometeu 10 milhões de empregos não trabalha para gerar empregos.¿
Segundo Alckmin, seu adversário ¿abandonou¿ a agenda do emprego. ¿Veja a questão dos juros, o câmbio, que hoje inviabiliza os setores produtivos que mais empregam¿, disse o candidato.
Serra foi na mesma linha, ao dizer em discurso que vivemos ¿o maior desemprego dos últimos anos¿.