Título: Agenda carregada promete emoções
Autor: Leandro Modé
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/08/2006, Economia, p. B4

Esta é daquelas semanas em que o investidor precisará ter estômago forte para agüentar as emoções. A agenda de divulgação de indicadores e de eventos está cheia tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.

Aqui, os destaques são a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que começa terça e termina quarta-feira, e o resultado do Produto Bruto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, que sai quinta-feira.

Nos EUA, a agenda inclui a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc) do banco central americano (Fed), na terça-feira, o Índice de Confiança do Consumidor, também na terça, e os dados relativos ao mercado de trabalho do país em agosto, na sexta-feira.

Além disso, o presidente do BC dos EUA, Ben Bernanke, fará dois discursos. Um na quinta-feira, quando falará sobre produtividade durante conferência de um instituto em Greenville, na Carolina do Sul, e outro na sexta, ao receber uma condecoração na cidade de Dillon, também na Carolina do Sul.

¿É uma semana muito rica em índices¿, afirmou Alexandre Póvoa, economista do Banco Modal. No Brasil, a expectativa é de que o Copom reduza a taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto percentual, para 14,5% ao ano. A Agência Estado fez uma pesquisa com 53 analistas sobre o assunto. Quarenta apostam suas fichas na redução de 0,25 ponto.

Alguns especialistas alteraram nos últimos dias suas projeções para a reunião do Copom em decorrência da fraqueza da atividade econômica. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por exemplo, anunciou na quinta-feira que a taxa de desemprego em julho foi a mais alta em 15 meses.

Póvoa não acredita que essas informações terão influência sobre a decisão dos diretores do Banco Central (BC). ¿Alguns indicadores antecedentes de julho já revelaram recuperação da economia. E o desemprego subiu porque muita gente que havia desistido de encontrar trabalho voltou ao mercado.¿

Em relação aos Estados Unidos, a avaliação não é tão otimista. ¿Não acredito nem em hard landing nem em soft landing, mas num meio termo, que poderia chamar de middle landing¿, disse ele, referindo-se à velocidade de desaceleração da economia americana.

Nesse cenário, afirmou Póvoa, a perspectiva para os principais mercados depende dos resultados dos indicadores a serem divulgados nas próximas semanas nos EUA. ¿O investidor deve manter cautela em relação à Bovespa e a tendência para o real ainda é positiva.¿