Título: 'Matriz da corrupção é na Saúde'
Autor: Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/07/2006, Nacional, p. A10
O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, disse ontem que a matriz da corrupção no escândalo dos Sanguessugas está no Ministério da Saúde. Os deputados envolvidos, afirmou, são apenas "filiais" da corrupção. Na capital gaúcha, onde esteve com líderes do PMDB e do PP que o apóiam, Alckmin voltou a criticar o governo e a dizer que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um péssimo exemplo para o País.
"A matriz está no Ministério da Saúde. Deputado é filial. Isso mostra que não há controle sobre os recursos públicos", afirmou o ex-governador, ao chegar a Porto Alegre. "É um momento político muito triste. Não são fatos isolados. Para todos os lados que se olha no governo federal há problemas."
O surgimento de nomes de seu partido entre os possíveis envolvidos na máfia dos sanguessugas não abalou o tucano. "Investigação é para todo mundo. Mas o que o PT dizia no passado? Só nós somos honestos. Agora, depois que assumiu o governo, é o contrário. Todos somos iguais. Não, não somos iguais. Somos muito diferentes."
Alckmin classificou de "deplorável" a entrevista do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, na qual ele apresentou dados da Corregedoria-Geral da União mostrando que a maior parte dos contratos da Planam teria sido feita no governo FHC. "Aquele depoimento do ministro foi deprimente. Além de querer jogar a culpa nos outros, ainda usa a máquina pública para isso."
Alckmin chegou a Porto Alegre com uma hora e meia de atraso e foi recebido por 200 militantes entusiasmados, além de parlamentares do PSDB, PMDB, PFL e a candidata tucana ao governo gaúcho, Yeda Crusius. De lá, foi a Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, onde caminhou pelo calçadão central. O candidato voltou a Porto Alegre de Trensurb - sistema de metrô de superfície.
Ele dedicou o resto do dia a conversas com aliados e possíveis apoiadores. Encontrou-se com o governador Germano Rigotto (PMDB), o senador Pedro Simon (PMDB, o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça (PPS), e o candidato ao governo gaúcho pelo PP, Francisco Turra. À noite confirmou que, apesar de não ter recebido o apoio formal dos principais líderes peemedebistas no Estado, pôde contabilizar o PMDB gaúcho entre suas conquistas. Um comício organizado pelo deputado Eliseu Padilha reuniu cerca de 5 mil pessoas, trazidas de todo o Estado em ônibus do partido.
No discurso, Alckmin lembrou que, fora São Paulo, foi no Rio Grande do Sul que sua candidatura mais cresceu e agradeceu aos gaúchos. Hoje ele aparece em primeiro nas pesquisas, depois de uma hegemonia petista nas quatro últimas eleições presidenciais. E aproveitou, mais uma vez, para criticar o governo Lula. "O povo brasileiro está envergonhado