Título: CS dará prazo para Irã suspender programa
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Fonte: O Estado de São Paulo, 29/07/2006, Internacional, p. A24

A França fez circular ontem o rascunho de uma resolução do Conselho de Segurança (CS) da ONU pedindo a suspensão das atividades de enriquecimento de urânio do Irã até o dia 31 de agosto. A versão deve ser apresentada oficialmente hoje, para ser votada na segunda-feira, segundo o embaixador francês na ONU, Jean-Marc de la Sabliere, atual presidente do CS.

O embaixador americano na ONU, John Bolton, esclareceu que, caso o governo iraniano não cumpra a resolução no prazo estipulado, "o próximo passo será a consideração de sanções no CS, e queremos que essas sanções sejam adotadas". As primeiras restrições ao país seriam políticas e econômicas.

O Irã é acusado, pelos EUA e aliados, de manter um programa secreto para construir armas nucleares. O país insiste que seu programa de enriquecimento de urânio é pacífico e apenas para a produção de energia. Ao mesmo tempo, o governo recusa-se a obedecer à ordem da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para suspender suas atividades nucleares. O enriquecimento de urânio pode ser usado tanto para produzir energia como bombas.

A versão atual da resolução é considerada mais branda que a inicial, que previa o fim imediato do programa nuclear iraniano. Essa versão é fruto de duas semanas de negociação entre Grã-Bretanha, França, China, Rússia e Estados Unidos - países com direito de veto no Conselho de Segurança - e a Alemanha. O projeto atual é visto como uma vitória de Rússia e China, países que pressionaram para não haver punições. "Não há sanções ao Irã no rascunho que estamos finalizando", disse o embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin. Diplomatas disseram que os EUA podem ainda solicitar mudanças no texto.

O governo do Irã pediu ontem novamente uma negociação internacional e disse estar considerando o pacote de vantagens oferecido para que interrompesse o programa nuclear. Na semana passada, houve uma promessa de resposta à proposta até o dia 22 de agosto. O pacote foi considerado pelo ministro de Relações Exteriores do Irã, Manouchehr Mottaki, um "passo positivo".

Em uma reunião de 12 de julho, em Paris, os países envolvidos na negociação enviaram o caso do Irã de volta ao Conselho de Segurança da ONU, pela demora do país em responder ao pacote. O governo iraniano já ameaçou se retirar do Tratado de Não Proliferação nuclear caso a resolução seja adotada pelo CS.