Título: Para Cristovam, é 'absurdo' trocar cargos por apoio
Autor: Eduardo Kattah
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/07/2006, Nacional, p. A7

O candidato à Presidência pelo PDT, senador Cristovam Buarque (DF), classificou ontem como absurda a entrega da diretoria dos Correios a nomes indicados pelo PMDB. De acordo com Cristovam, a medida é um "gesto óbvio de emprego dado em troca de apoio político para garantir a reeleição" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Acho não só absurdo tirar técnicos e colocar políticos, mas superabsurdo fazer isso na véspera da eleição", disse o candidato durante visita à cidade de Ouro Branco, Minas Gerais.

Anteontem, o Diário Oficial da União publicou a nomeação da nova diretoria da estatal - o presidente, Carlos Henrique Custódio, e três diretores indicados por peemedebistas que integram o grupo que apóia o governo Lula. Uma denúncia de pagamento de propina nos Correios deu origem, no ano passado, ao escândalo que levou à descoberta do esquema do mensalão.

Cristovam afirmou que não é contra as alianças e deu um exemplo: "Vamos fazer um acordo para dobrar o salário dos professores, precisa passar uma lei orçamentária, a gente faz um acordo com os partidos de oposição porque não tem maioria. Mas absurdo é uma aliança visando a mudar o quadro eleitoral, aliança para garantir a reeleição, com coisas do povo e uma instituição como os Correios."

PREVIDÊNCIA

O candidato do PDT também defendeu mudanças nas atuais regras previdenciárias, afirmando que é um erro achar que não precisam ser alteradas. "Porque o mundo está mudando, então tem que mudar". Fez questão de deixar claro que, com o aumento da expectativa de vida, considera necessário elevar o limite de idade para as aposentadorias ou o porcentual de contribuição.

"Com a aumento da expectativa de vida, as pessoas ficam mais anos aposentadas. Ou a contribuição tem de aumentar durante o trabalho ou tem de aumentar a idade de aposentadoria. Isso tem que ter coragem de dizer."

Segundo ele, os jovens na faixa de 20, 30 anos ultrapassarão a marca dos 90 anos. "Com a contribuição de hoje eles não podem se aposentar aos 60 porque não tem como você financiar durante 30 anos e depois viver 40 aposentado, não existe. Então, tem que haver reforma", afirmou.

Cristovam Buarque criticou o que chamou de um "pequeno grupo, privilegiado, que recebe altos salários da Previdência, além do que ele contribuiu". Disse ainda que é preciso combater "as fraudes e o desperdício".

Afirmou também que o dinheiro da contribuição previdenciária não pode ser desviado para outros investimentos. "Nem mesmo para pessoas que precisam de assistência. A assistência social tem de ser paga com recursos do Tesouro, não com recursos do trabalhador que põe o dinheiro em um fundo para quando se aposentar."

Pela manhã, o presidenciável participou de um encontro com sindicalistas no auditório do Sindicato dos Metalúrgicos de Ouro Branco. Depois visitaria Conselheiro Lafaiete e Barbacena. Cristovam está desde anteontem em campanha pelo interior de Minas.